Com Diego Fusaro
- Capitalismo Terapêutico – Para Refletir
O que estamos
vivendo há dois anos não é simplesmente uma emergência sanitária,
mas são os laboratórios de produção dos novos arranjos sociais,
políticos e econômicos para o futuro. A Itália aparece como o
laboratório de vanguarda dessa nova configuração autoritária
planetária do modo de produção capitalista, o que defini como
"Golpe Global".
A Itália em março
de 2020 não era uma nação desaventurada, era simplesmente a ponta
de lança do novo capitalismo terapêutico. Pouco depois, foi seguida
por todos os países do capitalismo global, com diferentes fases. A
Itália ainda é hoje um laboratório de vanguarda das novas
estruturas sociais, políticas e econômicas. É particularmente
assim no que diz respeito à prática orwelliana do infame green pass
de discriminação e controle biopolítico total.
O infame green
card não é uma ferramenta médico-científica, é um dispositivo de
controle social, um instrumento que pode até ser potenciado e
isso, para um controle social ainda mais abrangente e ainda mais
danoso dos direitos e liberdades sociais e individuais.
Por que a Itália em
particular? Difícil responder isso. Podemos racionalmente notar que
a Itália como um laboratório de contestação populista-soberana
das estruturas fundamentais da globalização mercantil, que além
disso é detestada por todos os potentados do bloco oligárquico
neoliberal, FMI, classe global, encontrou-se sem mediação para ser
o novo laboratório de vanguarda do capitalismo terapêutico. A
Itália se deparou até com um ex-banqueiro do Goldman Sachs,
Mario Draghi, como Primeiro-Ministro.
A Itália era um
laboratório de vanguarda em março de 2020, quando foi a primeira
realidade a implementar a combinação de "distanciamento social
e lockdown", antecipando assim o futuro de quase todos os outros
países.
Esta transição
epocal para um novo mundo parecerá invisível enquanto permanecermos
presos a esse discurso médico-científico que repete constantemente
que toda limitação da liberdade e toda mudança no governo das
coisas e das pessoas não passa de uma medida médica destinada a
proteger a vida ameaçada do lado de fora. Precisamente nisso se
baseia o novo paradigma governamental, a nova racionalidade política
emergencial.
Há uma emergência
que põe em risco a vida de todos, de modo que, para salvar a vida
nua, é preciso estar disposto a aceitar limitações de direitos e
liberdades, uma reorganização geral da economia e da política.
Agora, deppois de dois anos, fica difícil dizer se é a emergência
que precisa dos dispositivos de resposta à emergências ou se são
esses mesmos dispositivos, que agora se tornaram um novo normal, que
precisam de uma emergência infinita para continuar funcionando.
A
introdução do controle biopolítico total e totalitário
Anthony Fauci, o
Esculápio ultramarino, o ponto forte da nova ordem terapêutica
global, celebrou a Itália dizendo que ela deve ser saudada como
modelo para o mundo inteiro. No fundo, poderíamos dizer invertendo
as gramáticas de Fauci e dos aedi do novo leviatã tecno-sanitário,
que a Itália ao invés de ser um modelo de referência, é mais
um verdadeiro laboratório das estruturas políticas, sociais e
econômicas da nova ordem mundial sob a bandeira da medicalização
integral da sociedade, da contração das liberdades e direitos em
nome da saúde, a introdução de um controle biopolítico total e
totalitário, acima e abaixo da pele.
A própria
introdução do green pass da discriminação na Itália, representa
em todos os aspectos um modelo universal que será estendido a todos
os outros países da nova ordem do terapeuticamente correto. Assim,
as declarações cerimoniais de Fauci pedem para serem lidas dentro
desse quadro hermenêutico: como um flagrante elogio a um modelo,
o italiano, que começa a ser o precursor da nova ordem do
terapeuticamente correto.
Desde o início da
epifania do coronavírus, a Itália, longe de ser um caso isolado,
representou simplesmente a vanguarda do que aconteceria em breve.
A Itália continua
a ser o ponto de referência para a nova ordem do capitalismo sem
fronteiras que se organiza de forma violenta, inédita e autoritária,
que usa abertamente a violência e a reestruturação de cima para
baixo para conter qualquer ímpeto contestatório e impor uma forma
de liberalismo autoritário que está se manifestando através do
paradigma da biossegurança.
Continuam tirando
nossas liberdades e direitos dizendo que fazem isso para proteger
nossa vida, para defender nossa saúde. Então, agora podemos
realmente repetir: a Itália é um modelo para os senhores do mundo
porque a Itália é o laboratório que eles estão usando para
impor o novo modo de produção, ou para reestruturar o modo
capitalista de produção.
A
obrigação de vacinação, "é apenas uma arma política"
Até os
virologistas, à sua maneira, estão começando a se rebelar. Depois
de meses e meses defendendo as escolhas do governo, mesmo as mais
bizarras, os cientistas VIPs da nossa telinha disseram CHEGA,
passando ao contra-ataque e começando a pedir um relaxamento das
restrições anti-Covid, dado o menor perigo da variante Omicron para
a saúde dos cidadãos.
O professor
universitário, virologista Andrea Crisanti, diz que "não faz
sentido imunizar cem por cento da população italiana" e define
a obrigatoriedade da vacinação como "uma arma política".
A pergunta,
portanto, que Crisanti faz é: "Vale a pena chegar a 95% à
custa de radicalizar o embate na sociedade?". Uma questão
legítima, que no entanto, como aponta o imunologista, nos coloca
diante de uma encruzilhada, que é escolher entre proteger aquela
parte da população que ainda não está protegida, embora mais
marginal do que há alguns meses, ou alimentar possíveis tensões no
interior da sociedade.
“Isso não
significa que o vírus se foi, que seja claro. Significa apenas que a
maior parte da população está protegida porque tomou recentemente
a terceira dose ou porque se infectou recentemente”, diz Crisanti.
Cada dificuldade esconde oportunidades – Cap. 10
Fonte:
RadioAttività, lampi del pensiero quotidiano – Con Diego Fusaro
Il
Giornale