O grande problema do
orgulho é a polaridade.
O orgulhoso acredita
que para um estar certo, o outro tem que estar errado. Ou que abraçar
o que o outro diz, é “se rebaixar”. Essas percepções limitadas
trazem separação e desacordo, que é o inverso do princípio
universal de harmonia. Paz, alegria, amor, felicidade, construtivismo
só existem com harmonia e acordo. Logo, o orgulho é um obstáculo
para a concretização de relacionamentos sólidos.
A
principal causa
do orgulho é o medo. O medo de estar errado, o medo de falhar, o
medo de errar. Reconhecer de
haver errado e admitir
isso, parece
corresponder
à diminuição de nós mesmos; parece perder
poder, perder
uma imagem positiva de nós mesmos em relação aos outros ...
A
pessoa tem medo de não ser aquilo que quer mostrar fora. Ou quer se
autoafirmar dentro por achar que é o melhor caminho. Assim, se infla
em orgulho para se defender dos ataques externos e não deixar os
sentimentos internos virem à tona. Joga-se a culpa em quem está
fora quando algo dá errado e toma-se todos os méritos para si
quando algo dá certo.
Por
que é tão difícil
pedir desculpas?
A
maior parte de nós,
geralmente acredita
que estamos certos, quando
somos contestados. Essa é uma das causas do porquê
seja tão
difícil pedir desculpas?
Partimos
sempre da suposição de que o que fazemos
é correto, enquanto o que os outros fazem é frequentemente errado.
Ou seja, os seres humanos acham muito difícil admitir seus erros,
porque, geralmente,
cada um de nós está sinceramente convencido de não ter
cometido nenhum erro!
O
orgulho ferido nos joga para outras emoções mais densas, como
vergonha, culpa, apatia, tristeza ou raiva. Pois sua base de
segurança está focada em terrenos arenosos, como conquistas
externas, ideologias e ideais (eu estou certo). Quando um desses
aspectos cai por terra, a realidade surge e traz a sensação de
grande sofrimento pelo autojulgamento e auto recriminação (eu estou
errado).
O
gesto de pedir desculpas é complicado por várias razões e, por
várias outras razões, é necessário e virtuoso.
Reconhecer
que estamos errados é como ir contra a corrente, seria como ter que
subir a corrente do nosso pensamento, que naturalmente flui em uma
única
direção, a de estarmos convencidos de haver dito e feito a
coisa certa.
O
antídoto para o orgulho é a gratidão
A
gratidão nos protege do aspecto de superioridade e de agente
causador do sucesso. Passamos a nos enxergar como uma peça da
engrenagem e não a própria
engrenagem.
Agradecer
significa “deixar a graça descer”. Entender que aquilo que temos
e fazemos é um reflexo do que somos. Que nos foi permitido exercer
um governo, uma responsabilidade temporária sobre aqueles bens
materiais, funções sociais, cargos ou pessoas. Até mesmo sobre o
nosso corpo físico, emocional e mental.
O
orgulho enxerga a causa que traz a ilusão de que conquistamos por
nosso mérito exclusivo. A gratidão enxerga o contexto que permite a
sincronicidade para que as coisas aconteçam perfeitamente como
tinham que ser.
Quem
se desculpa, demonstra ter boa auto-estima; aqueles com baixa
auto-estima são aqueles que acham mais difícil se desculpar. Pedir
desculpas significa mudar, e mudar sempre é difícil porque implica
mudar a ideia que temos do mundo, especialmente a ideia que temos de
nós mesmos, porque estamos apegados demais à nossa visão do mundo,
dos outros e de nós mesmos. É ter que sair da nossa zona de
conforto, e nem sempre é fácil.
Pedir
desculpas pode ser tão
difícil quanto poderoso.
“Sorry
/ Is all that you can’t say / Years gone by and still / Words don’t
come easily / Like sorry like sorry”
(“Desculpe.
É tudo o que você não pode dizer”), canta o músico
afro-americano Tracy Chapman em uma música inesquecível do
final dos anos 80. Re-escutá-la
pode ser uma boa ideia, porque sugere, de uma maneira simples e
poderosa, como o ato de dizer "me desculpe" possa ser tão
difícil quanto poderoso. Mas pedir desculpas não é suficiente:
devemos fazê-lo bem e com sinceridade.
A Harvard
Business Review descreve vários
tipos de desculpas ineficazes:
-Existem as
desculpas formais, vazias de qualquer sentimento autêntico. Apenas
palavras ditas de maneira reticente e apressada, sem envolvimento
substancial. Elas são inúteis.
-Há também
desculpas excessivas, repetidas e irritantes, que colocam o ferido e
seus sentimentos de remorso no centro do relacionamento e,
paradoxalmente, forçam a pessoa ferida a confortar quem lhe causou o
dano.
-Há, ainda, as
desculpas incompletas. Dizer apenas “me desculpe” pelo que
aconteceu, significa não reconhecer o proprio papel (e a propria
responsabilidade) do que aconteceu e não se comprometer em evitar
que uma situação semelhante aconteça novamente no futuro. Fácil
demais...
-E há as desculpas
negadas: “ei, não é minha culpa!”
Pelo menos são
sinceras porque é o ego que fala e se recusa a admitir qualquer
culpa. Esse tipo de desculpas não é apenas ineficaz, mas
contraproducente pois aumenta o dano infligido e prejudica
definitivamente a possibilidade de salvar o relacionamento.
Admitir
os seus erros é sinal de autoconhecimento e maturidade
Quando você se
recusa a pedir desculpas,você está tentando gerenciar suas emoções.
A recusa está ligada à preservação da autoestima e, portanto, a
um comportamento defensivo por parte de quem erra. Se pressupõe,
portanto, de adquirir na recusa, poder e controle que se traduzem em
sentimentos de autovalorização. Um pedido de desculpa pode ser
encarado como algo ameaçador, uma incapacidade, afetando diretamente
a autoconfiança e a autoestima.
Em vez disso,
abrir-se aos outros, admitir o próprio
erro e se desculpar diante de quem se sentiu ofendido, é
extremamente terapêutico e fortalecedor. Damos ao erro um valor
negativo, mas é importante compreender que ele pode levar ao
aprendizado. É preciso lidar com os erros de forma mais leve, sem
tanto auto cobrança"
Se desculpar envolve
um amadurecimento e para isso é preciso revisar nossas atitudes e
entender que reconhecer um erro não significa saber menos ou ser uma
pessoa errada mas, ao contrário, demonstra empatia e preocupação
com os sentimentos do próximo, ganho de inteligência emocional e
auto-responsabilidade, aprendizados sobre a vida nas diferentes
situações.
“Ao contrário do
que a sociedade nos apresenta, não devemos nos menosprezar por errar
em algum momento. Todos erramos em atitudes e palavras em fases da
vida, afinal, somos seres em construção. Portanto, compreender que
errar faz parte da vida e assumir esses erros é importante para
amadurecermos como pessoa", ensina a psicóloga Gabriela
Bandeira.
Mais do que "dar
o braço a torcer", assumir que estamos errados é aprender a
lidar com a avalanche de sentimentos que o orgulho pode nos causar,
dentre eles a vergonha e a sensação de inferioridade perante o
outro. Além disso, quando reconhecemos os nossos erros e nos
desculpamos por eles, conhecemos melhor as emoções e as reações à
elas, o que gera autoconhecimento e demonstra maturidade: "Isso
nos faz crescer e fortalecer como pessoas e, consequentemente, faz
com que consigamos construir relações mais verdadeiras com o
outro", finaliza Gabriela
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