A mente humana é um
instrumento magnífico quando a usamos de uma forma consciente. No
entanto, estamos tão acostumados com a sua sutil programação,
quase totalmente vinda do meio externo, que em vez de comandá-la ou
decidir o que queremos pensar, nos deixamos ser comandados por ela.
Na realidade, você não usa a mente. É ela que usa você de um modo
tal que você acredita que É a sua mente. Aí está o delírio
Estamos tão
identificados com ela que nem percebemos que somos seus escravos.
Se nos identificamos
com a mente, criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens,
palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações
verdadeiras. Essa tela se situa entre você e o seu eu interior,
entre você e o próximo, entre você e a natureza, entre você e
Deus. É essa tela de pensamentos que cria uma ilusão de separação,
uma ilusão que existe você e um “outro” totalmente à parte.
Esquecemos o fato
essencial de que, debaixo do nível das aparências físicas,
formamos uma unidade com tudo aquilo que é. Por “esquecermos”
quero dizer que não sentimos mais essa unidade como uma realidade
evidente por si só. Podemos até acreditar que isso seja uma
verdade, mas não mais a reconhecemos como verdade. Acreditar pode
até trazer conforto. No entanto, a libertação só pode vir através
da vivência pessoal.
Mas podemos nos
libertar do dominio da mente. A Liberdade começa quando nos
colocamos na posição de observadores dos nossos próprios
pensamentos. Isso desencadeia um notável despertar da consciência,
elevando-a a um nível cada vez mais alto, nos permitindo de dar o
start para uma nova percepção de quem realmente somos, do poder
escondido em nós.
Você é este
observador que consegue observar o processo frenético de geração
de pensamentos no qual a sua mente está constantemente trabalhando.
Você é a
Consciência e o Espírito que habita seu corpo e que deveria
controlar a sua mente condicionada e barulhenta.
Como observadores,
percebemos que não somos aquela mente como uma entidade dominadora.
Começamos a perceber que o pensamento é apenas um aspecto diminuto
da vasta área de inteligência que vai bem além. Percebemos também
que todas as coisas realmente importantes como a beleza, o amor, a
criatividade, a alegria e a paz interior surgem de um ponto além da
mente. Onde? Como? Ouça a voz dentro da sua cabeça, esteja lá
presente, como uma testemunha. Observe o pensador.
Comece a prestar
atenção ao que a voz diz e isso vai desequilibrar o seu dominio. É
nesse ponto, então, que começamos a acordar. Quando isso acontece,
uma nova dimensão da consciência acabou de surgir. Você observando
o seu pensamento, sente uma presença consciente, que é o seu eu
interior mais profundo, por trás do pensamento. Dessa forma, o
pensamento involuntário e compulsivo perde o poder que exerce sobre
você e lhe abandona, porque a mente não encontra mais nenhuma
identificação sua para com ela. Esse é o começo do seu DESPERTAR!
“Não faça
coisa alguma. Apenas observe. Observar não é um fazer. Assim como
você observa o pôr do sol ou as nuvens no céu, observe o tráfego
de pensamentos: relevante, irrelevante, consistente, inconsistente,
qualquer coisa que esteja ocorrendo. Você simplesmente observa, mas
não se preocupa com nada. Seja observador. Nada é da sua conta: se
for ambição que estiver passando, deixe-a passar; se for raiva
passando, deixe-a passar. Se for alegria ou amor, continue a deixar
passar. Não interfira, não julgue. São apenas pensamentos
passando. Deixe-os passar e apenas observe.
Essa é uma
simples metodologia de observar a mente, onde você "não tem
nada a ver com isso"... Abandone a obrigação de saber qualquer
coisa sobre o que você observa. Você verá o que está errado,
onde alguma coisa está errada, mas você permanece separado. Apenas
fazendo e treinando isso, um dia, subitamente, você será capaz de
observar sua mente sem julgá-la – esse procedimento traz a
quietude.
Muitas vezes você
irá fracassar, mas isso não deve preocupá-lo... Não há nenhuma
perda, isso é natural. No entanto, uma vez que tenha sentido paz,
por menor que tenha sido o tempo de duração, uma vez que você
tenha, mesmo por um único momento, se tornado o observador, você
então saberá como se tornar o observador!
Meditação,
portanto, é simplesmente observação, consciência. E isso apenas
revela - não inventa nada. Você encontra a quietude... Uma vez
nesse espaço, sua mente sai renovada, atenta. Você continuará a
viver no mesmo mundo, mas não do mesmo modo. Você estará entre as
mesmas pessoas, mas não com a mesma atitude, não com a mesma
abordagem.
Você irá viver
como um lótus na água: dentro d'água, porém absolutamente
intocado pela água.(OSHO)
Fonte: Eckhart Tolle
. O Poder doAgora