Não há nenhuma
evidências de diferenças biológicas no desempenho cognitivo
do cérebro masculinos ou femininos - Raffaella
Rumiati, neurocientista da SISSA
Marie Meurdrac,
já em 1700 dizia: “A Mente não tem sexo”.
No entanto, apesar da revolução das mulheres na década de 70,
ainda hoje, tem quem diga que o cérebro feminino é inadequada para
disciplinas científicas.
De acordo com certos
números, entre mulheres e ciência parece existir um relacionamento
atormentado. Em minoria, comparando com os colegas em alguns cursos
universitários (na Europa três engenheiros em cada quatro são do
sexo masculino, segundo o Eurostat), raramente elas são
recompensadas com prémios científicos importantes, e quase nunca no
comando de grupos de pesquisa (apenas 24 % das principais posições
na Itália são ocupadas por mulheres).
Foi apenas na
segunda metade do século XX que mudanças começaram a ocorrer, em
especial pela militância do movimento feminista dos anos 50 e 60.
Mas apesar do número crescente de mulheres nas carreiras
científicas, elas têm chances menores de sucesso e ascensão na
carreira: são menos contempladas com bolsas de produtividade do
CNPq, estão sub-representadas nos cargos administrativos nas
universidades.
A
física foi inventada e construída pelos homens
O Professor
Alessandro Strumia, físico da Universidade de Pisa, que
regularmente colaborava com Genebra, participou de uma conferência
sobre "Física das Altas Energias e gender", na qual foi
abordada a questão da discriminação das mulheres na ciência.
O infeliz professor
afirmou: “A física foi inventada e construída pelos homens, o
ingresso não é por convite”. Em essência, segundo ele, as
mulheres são sub-representadas apenas porque são menos capazes. Nas
disciplinas científicas, uma meritocracia absoluta e transparente
estaria em vigor: quem é capaz entra, quem não é fica de fora. E
de acordo com ele, as mulheres permanecem fora porque são menos
brilhantes do que os homens.
O
exemplo eterno de Madame Curie
Marie
Salomea Curie, a
primeira mulher na França a alcançar o título de doutora, herdou o
emprego do marido, o cientista francês Pierre Curie, tornando-se a
primeira mulher a dar aulas na Universidade Sorbonne – foi a
primeira a atingir o status de professor titular em uma universidade.
Em 1911, tornando-se a primeira pessoa a receber pela segunda vez um
Nobel, desta vez em Química. E sozinha.
A mulher cientista
precisa sempre provar que é boa e competente, apesar de ser mulher,
como se isso fosse uma desvantagem. Madame Curie é o caso
excepcional, evocado por décadas, para afrontar a questão da
igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, mas ela e as
outras foram aceitas, só
depois de terem lutado para mostrado que coisa sabiam fazer.
Para
os homens, "as coisas" ... para mulheres, "as
pessoas"!
Strumia
apresentou 26 slides argumentando que os homens estão mais
interessados nas "coisas" e as mulheres nas
'pessoas', e por isso, os primeiros são mais numerosos em profissões
de formação científica e as segundas, na área de humanas, onde a
fronteira real/falso certo/errado é mais nuançado.
De acordo com
Strumia, é possivel que haja diferenças entre os cérebros
dos homens (mais susceptíveis a "sistematizar") e das
mulheres (mais talentosas em ''empatia '), diversidades que, na sua
opinião, são afetadas pelos níveis de testosterona pré-natal. O
físico italiano propõe medir o «digit
ratio» nas
cientistas: se o dedo indicador é mais curto do que o anular, isso
indicaria uma alta exposição ao testosterona (hormônio
androgênico), no útero materno. E isso explicaria o sucesso das
poucas mulheres cientistas: elas se parecem com homens. "Caso
contrário, argumentar que os cérebros .do homem e da mulher - são
idênticos, é ideologia", afirma Strumia.
Uma tese que faz
lembrar aquela de Lawrence Summers, presidente da Universidade
de Harvard, que renunciou em 2005, depois de ter afirmado que as
mulheres têm menos sucesso em carreiras científicas por diferenças
inatas e nada mais.
"Em suma,
depois de três dias de controvérsias, o Cern decidiu
pela sanção e o reitor de Pisa deferiu Strumia à Comissão
de Ética da Universidade. Alguém poderia argumentar que "remover"
o problema em vez de "refutar" é exatamente o oposto do
método científico e não só Heisenberg, mas também o bom e velho
Newton teriam, talvez, algo a dizer. Colocar a mordaça nas hipóteses
estranhas, em vez de desmontá.las
com as alavancas da razão, diz muito de Santo Ofício.
“O que precisa
mudar é o senso comum”, argumenta Luci Muzzeti, professora da
Unesp. “É ele que enxerga algumas profissões como masculinas e
outras como femininas, que estabelece como missão da mulher cuidar
da casa e da prole, que faz com que a mulher enfrente dificuldades
para ser julgada competente para ocupar posições de poder. Essas
iniciativas apenas irão amenizar as faltas”, diz. Se hoje ninguém
mais acha estranho que uma mulher ganhe um prêmio Nobel, é porque o
senso comum mudou bastante de Marie Curie para cá. Talvez seja
preciso encontrar maneiras para que ele continue mudando – mas a
uma velocidade maior.
O novo paradigma da Física / Matemática - Capítulo XVIII
Fonte:
https:
//www.ilfoglio.it/
http:
//www.flcgil.it/ -
https:
//oggiscienza.it/