Diferentes
modelos mentais podem motivar diferentes percepções, sentimentos,
opiniões e ações.
Nossos
pensamentos e atitudes são reflexos de modelos mentais que
representam e guiam a visão de mundo de cada um. Esses mecanismos
psíquicos têm impacto direto em tudo o que fazemos no dia a dia.
Muitas
vezes naturalizamos tanto determinados padrões, que acreditamos
serem
os
únicos
e verdadeiros
e
agimos
apenas de acordo com eles,
abrindo
mão de um infinito leque de possibilidades que a vida nos oferece.
Cada
indivíduo tem o seu próprio modelo mental - o qual é o conjunto de
sentidos, pressupostos, regras de raciocínio, inferências -
resultante de todas as experiências, historia de vida e situações
profundamente arraigados, que influem na nossa maneira de compreender
o mundo e nele agir. Os modelos mentais são o filtro pelo qual
enxergamos o mundo a nossa volta o
que
nos leva a fazer determinada interpretação.
Operam
permanentemente de modo subconsciente, na nossa vida pessoal, no
âmbito profissional em nossas organizações sociais, ajudando-nos a
dar sentido à realidade e nela operar com efetividade. Os modelos
mentais condicionam todas as nossas interpretações e ações. Eles
definem como percebemos, sentimos, pensamos e interagimos.
As
diferentes percepções, opiniões e ações não constituem um
problema em si mesmas. Elas se tornam conflituosas, quando cada
pessoa acredita que a sua maneira
de ver as coisas (de acordo com seu modelo mental) é a única
“razoável”. Cada um acredita que seu modelo é o modelo válido.
Em vez de utilizar as diferentes percepções para expandir suas
perspectivas e integrá-las em uma visão comum, cada um dos
interlocutores se aferra ao seu próprio ponto de vista. Em vez de
indagar sobre o raciocínio do outro para compreender seu modelo
mental, os interlocutores travam uma batalha para definir quem tem
razão, quem tem a interpretação “correta” da realidade.
A
impossibilidade de perceber, implica na
impossibilidade
de agir. Enquanto o cão responde a um apito ultra-sônico, a pessoa
nem o ouve. Enquanto o morcego opera na mais absoluta escuridão, a
pessoa se perde.
Modelos
Mentais Coletivos
A
cultura
é
um modelo mental coletivo. Como define Edgard
Schein,
“a cultura é um padrão de pressupostos básicos compartilhados,
aprendidos por um grupo durante o processo de resolução de seus
problemas de adaptação externa e integração interna. Esse
padrão de pressupostos funciona bem o suficiente para ser
considerado válido e, portanto, apto para ser ensinado aos novos
membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir os temas
referentes ao grupo”.
As
ideias se aglutinam em um modelo mental coletivo que organiza a
(realidade) de uma cultura.
Dentro
de qualquer grupo (famílias, profissões, organizações,
indústrias, nações), os modelos mentais coletivos se desenvolvem
com base em experiências compartilhadas. Ao longo de sua história,
os membros do grupo precisam enfrentar desafios. Em resposta, eles
desenvolvem
uma forma habitual
de interpretar as situações e empreender ações.
Isso vai se transformando numa parte do modelo mental coletivo e
passa de geração a geração como o “conhecimento” do grupo.
O
problema é que, com seu retrocesso à noite dos tempos, tal
conhecimento perde sua raiz experiencial e se transforma numa verdade
absoluta. Em vez de ser “a maneira pela qual nosso grupo respondeu
efetivamente aos desafios do passado”, tem-se agora “a
única maneira correta de
responder aos desafios do presente e do futuro”.
Os
desafios às crenças compartilhadas criam ansiedade e
entrincheiramento. Mudar os pressupostos culturais é um processo
extremamente árduo.
As
experiência moldam o modelo mental que a pessoa utiliza para navegar
pelo mundo.
Do
mesmo modo como as experiências coletivas de aprendizado se
transforma na cultura, as experiências pessoais de aprendizado se
alojam nos estratos mais básicos da consciência e criam
predisposições automáticas a interpretar e agir.
Há
premissas do modelo mental que as pessoas adotam desde a mais tenra
infância, mesmo antes de terem alguma capacidade de reflexão
crítica. Ao longo da vida, essas ideias recebidas de maneira
inconsciente se mantêm subjacentes à infinidade de juízos,
atitudes e comportamentos que a pessoa considera “óbvios”.
Isso
é especialmente perigoso quando o modelo mental está “ancorado”
numa situação histórica não resolvida. Nesses casos, a pessoa
pode ficar presa num circuito repetitivo, recriando simbolicamente
alguma experiência traumática e tentando mudar seu resultado.
As
experiências pessoais, a biologia, a linguagem e a cultura forjam
cada modelo mental particular.
Esse
modelo leva a pessoa a se associar com certos indivíduos e não com
outros; a pensar de uma certa maneira e rechaçar outra; a empreender
certas ações sem sequer considerar outras; a decidir o que é
aceitável e o que não é. Cada pessoa funciona a partir do seu
modelo mental e vive naturalmente na “sua” (realidade). Mas essa
(realidade) talvez não seja a mesma percebida pelos outros, cuja
biologia, linguagem, cultura e histórias pessoais são diferentes.
Todos os seres humanos vivem na mesma realidade, mas a experimentam
subjetivamente de maneira diversa.
Portanto,
é fundamental mergulhar em diferentes culturas, disciplinas,
experiências e linguagens sem perdermos nossas origens.
A
consciência humana em todo o mundo, e durante séculos, foi vítima
de um tipo de alucinação coletiva produzida por uma perspectiva
falaciosa do pensamento condicionado por percepções ilusórias.
A
humanidade tem sido condicionada por séculos por ideologias muitas
vezes absurdas que aprisionam a liberdade interior e distorcem a
percepção da realidade. Estamos convencidos de que somos indivíduos
separados, dotados de EU e de livre arbítrio, guiados pelo
pensamento e pela razão, de acordo com os rígidos padroes da
sociedade.
Assim,
nos afastamos da inteligência da natureza e de nossa interconexão
com ela, perdemos o contato com a alma e a vida real. As crenças e
conformismo inibem a intuição, a inteligência e a espontaneidade.
A
confusão e a conflitualidade que afligem a sociedade e os indivíduos
em todo o mundo, dependem do fato de que a percepção convencional
compartilhada é egoicamente polarizada e é por isso que a
normalidade passa a ser patológica, enquanto a liberação
(o se libertar) dos enganos mentais, a clareza
perceptiva de uma mente livre de condicionamento. e do passado, se
tornou uma condição tão rara q passou a ser
mitologizada: em vez de chamá-la de estado natural, ela é chamada
de iluminação, de modo que o ego pode ser
livre em sua busca vã.
O
despertar interior que transforma nossa relação com a realidade,
não é um pensamento ou um novo modo de pensar, mas a percepção
clara da realidade e dos limites do pensamento, que nos liberta do
castelo das ilusões em que estávamos perdidos. Mas não é o eu
que pode se libertar a si mesmo: é a verdade que liberta, não o teu
esforço para se libertar …
"Não
vemos as coisas como elas são; vemos as coisas como nós somos."
Máxima judaica expressa no Talmude.
Fonte:
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