E assim, as mulheres, cansadas da falta de atenção dos companheiros, redescobrem o prazer de serem cortejadas e paparicadas. Pagando – perfumadamente – o homem do prazer.
A advogada che chega no escritório no dia do seu aniversário e encontra 45 rosas vermelhas (o número dos seus anos) sobre a mesa, e ainda por cima, uma dedicatória no cartão, com sabor vintage: “À nobre senhora...” – que de nobre não tem nada - com certeza matemática (comentam as colegas maliciosas), uma homenagem do tipo, jamais e jamais poderia partir da mente de um homem com o qual se divide a mesma pasta de dente por mais de 10 anos. Um maridão assim - que, além desse nobre gesto, ainda é daqueles que abrem a porta do carro pra ela e afastam a cadeira no restaurante para que ela se sente, como se gaba a nobre senhora advogada - se ainda existe, é claramente um exemplar em via de extinção e como tal, patrimônio da humanidade, tombado pela Unesco, logo, não poderia, de jeito nenhum, estar solto por aí, distribuindo gentilezas e cortesias à sua veterana e cara mulher. Coisas pra ONGs e WWFs. (Worldwide Fund for Nature).
Mas hoje, senhoras e senhoritas, felizmente (para umas), essa falha já é possível corrigir. Quem deseja ser cortejada à antiga, paparicada e galanteada, basta dá uma de mulher prática e independente (principalmente financeirramente), abrir a carteira e comprar o pacote completo. As managers japonesas, que o digam, pois já se presenteiam, há um bom tempo, com os hosts– a versão masculina e moderna das gueixas. Já as italianas, as imitam comprando a companhia dos escorts top class, evolução dos ultrapassados gigolôs, que, diante do modernismo atual, tiveram de pendurar as... ham... chuteiras, refinar-se e reciclar-se em acompanhantes de ricas senhoras, aos shoppings, apiritivos, recepções, jantares e, prioritariamente, fazer com que elas se sintam verdadeiras “nobres”, rainhas por excelência.
O preço do tratamento reconstituinte da auto-estima feminina? A partir de 500 euros por noite.
O que dizer? Um passo liberatório adiante, em direção à paridade homem-mulher ou um evidente sinal de uma incontida solidão afetiva e sentimental? Dificil definir. O que, porém, pode ser definido, é que a mulher mudou. Foi-se o tempo em que elas se penduravam ao telefone para se lamentar e chorar no ombro da amiga porque cortou 20 cm do cabelo, quase raspa a zero e o marido nem sequer notou. Agora, os elogios se compram. Muitas turistas que vão à Cuba, chegam ali à procura de elogios masculinos - nos quais os cubanos são muito bem adestrados – e a maioria prefere bem mais as carícias verbais que o “deitar e rolar”. Ouvir dos muchachos malhados tu es la mujer de mi vida, não tem preço, nem pra Mastecard. Se ouvem tantos sinos quanto em um orgasmo.
Nos host clubs de Tókio, as turistas escolhem o homem através do book fotográfico. Mas nada de sexo. As mulheres são bem mais complexas que os homens que pagam, essencialmente, por um “serviço” sexual. Para a mulher, não seria garantida a mesma poesia. Então, se abandonam a atenciosos tratamentos à base de oshibori (lencinhos esponjosos umidificantes), drinks, conversas e, como não poderia deixar de ser, o tradicional karaokê, tudo debaixo do olhar atencioso e participativo do seu “gueixo”. Segundo os comentários de um scort first class italiano, 70% das clientes se mostra desinteressada ao sexo. O que estão a fim mesmo é ter um companheiro – preferivelmente 1,80, bem malhado e olhos penetrantes - atencioso, que saiba ouvir e que lhe faça rir. Algumas pagam para ser levadas ao teatro, cinema e até mesmo a matrimônios pois - diz ele – “é agradável mostrar aos parentes que tem um homem que te corteja”. Às vezes” – continua o top class – "se dorme no mesmo quarto sem ter nenhum contato sexual”. Ok. Acreditamos.
A psicoterapeuta Gianna Schelotto afirma: Desde sempre, as mulheres vivem à procura de gratificação sentimental. A novidade está no fato que hoje elas são mais desenibidas e se não encontram a satisfação na família, vão comprar fora. Em parte, é culpa dos homens – analisa Schelotto – que no início se esforçam para serem galanteadores, mas é tudo fingido, não faz parte do código de comunicação masculina. As mulheres deveriam aprender a interpretar também como demonstração de afeto, um simples gesto como a ajuda deles na cozinha e parar de esperar flores.
Sendo assim, nobres senhoras,
só restam duas opções: 1.Colocar bem os pés no chão (e
aprender, logicamente, a interpretar os gestos de seu marido quando ele te
passar os talheres que acabou de enxugar; recebendo-os como se fossem um maço
de rosas). 2. Passar rapidamente a grana às mãos do seu
“host”, antes de entrar no restaurante, porque é com ela que o malhadão vai
pagar a conta.