Poderia
haver muitos universos diferentes que interagem uns com os outros?
Cientistas
fornecem uma formulação matemática da possibilidade insondável da
existência de outros mundos, ou seja, um universo inteiro dotado da
complexidade estrutural que conhecemos hoje. Segundo os cientistas,
esses mundos
se influenciariam
mutuamente e poderiam
fornecer uma explicação científica estruturada da teoria quântica
- a teoria física, nascida no século passado, capaz de descrever o
mundo invisível dos átomos e tudo o que é ainda menor e mais
imponderável.
Um novo estudo
teórico sobre o assunto, publicado na prestigiosa revista Physical
Review X, afirma que os mundos paralelos podem não ser um
produto exclusivo da ficção científica, mas, idealmente, eles
poderiam existir e interagir uns com os outros, incluindo
o
nosso mundo, a nível quântico, portanto,
detectáveis.
O estudo foi
realizado por pesquisadores da Griffith University em
Brisbane, Austrália, juntamente com um pesquisador da
Universidade da Califórnia em Davis, EUA.
A
teoria é um spin-off (aquilo que derivou de algo já
desenvolvido ou pesquisado anteriormente), da interpretação de
muitos mundos na mecânica quântica – uma ideia que postula que
todas as histórias e futuros alternativos possíveis são reais,
cada um deles representando um mundo real, embora paralelo.
As
bizarrices do universo quântico
A
realidade da física quântica (partículas subatômicas), segue uma
lógica que não faz sentido no mundo das coisas grandes: tudo vive
em vários lugares ao mesmo tempo.
Se
você, por exemplo, fosse uma partícula subatômica, você poderia
ter cópias-fantasma em Nova York, Paris e Plutão, neste exato
momento. Esses “vocês” estariam em lugares diferentes mais
seriam a mesma pessoa, com a mesma consciência. Mas isso só não
acontece porque as bizarrices do universo quântico não existem no
mundo das coisas maiores – o dos átomos inteiros, moléculas,
planetas… É como se a nuvem de cópias-fantasma das partículas
fosse esmagada pelo “peso” das coisas grandes.
Essa
nuvem, na verdade, é o que há de mais delicado e indeterminado. Os
próprios equipamentos usados para detectar partículas, acabam com
ela. E tudo o que os cientistas conseguem ver quando tentam olhar
para a nuvem de cópias-fantasma é uma partícula solitária. Essa
sobrevivente aparece em qualquer parte da nuvem, num lugar impossível
de prever. E seus clones somem, como se tivessem sido só parte de um
sonho.
Muitos
físicos acham que o nosso mundo é tão onírico quanto o
subatômico. Para eles, quando algum pesquisador tenta olhar as
infinitas partículas-fantasma da nuvem quântica e só consegue ver
uma, não é que as outras evaporaram; mas
que o cientista se dividiu em cópias infinitas, espalhadas por
universos paralelos! E é
isso
o que diz a teoria dos Mundos Múltiplos, moldada pelo físico
norte-americano Hugh
Everett
em 1957. Ela diz que, se a partícula solitária
que surgiu daquela nuvem de clones pode aparecer aqui, lá ou acolá,
você também pode. Significa
que uma
versão de você em cada
universo, vai encontrar a tal
partícula
em
qualquer que seja o universo paralelo, sem
limite nenhum.
A
verdade é que vivemos numa infinidade de universos, cada um com a
sua realidade particular. E o conjunto desses cosmos pode ser chamado
de “Multiverso”: um lugar onde tudo o que ha a possibilidade de
acontecer, acontecerá,
sem sombra de dúvidas.
Absolutamente tudo. Se, por exemplo, você encontrou alguém atraente
numa festa e não teve coragem de puxar conversa, pode ter certeza
que, em algum universo paralelo, uma cópia sua se aproximou dela. E
talvez levou um fora. Num terceiro, a cantada pode ter dado certo.
Num quarto mundo paralelo, vocês se casaram. E por aí vai: com um
sem-número de universos, as possibilidades da vida também seriam
infinitas. Embora a ideia realmente soe como algo saído da mais
barata ficção científica, há uma física bastante razoável por
trás dela.
Por trás desse
mistério está a dualidade onda-partícula, em que as pequenas
coisas, podem e devem ser vistas como: uma partícula – limitada no
espaço – ou uma onda – espalhando-se no espaço.
“É
muito difícil ver que ainda estamos engatinhando, e não surpreende
que os colegas relutem em admitir isso para si mesmos.”
Einstein,
em uma carta de 1950 ao
físico Erwin
Schrödinger,
um dos arquitetos da mecânica quântica.
A
Teoria da Relatividade não aceita isso pois o livre-arbítrio seria
violado. “Nem a Relatividade nem qualquer outra teoria em que uma
decisão leva a um só resultado são compatíveis com o
livre-arbítrio. Já o Multiverso, com seus inúmeros mundos, não
traz esse problema”, diz o físico inglês David Deutsch, da
Universidade de Oxford.
Como
a liberdade de escolha funcionaria nesse cenário, sem bater de
frente com Einstein?
Uma
hipótese, levantada por Greene, é que nós “pularíamos” entre
um e outro universo paralelo, cada vez que uma decisão fosse tomada,
onde tal
possibilidade de realização
fosse
já escrita. Como esses pulos transcendentais aconteceriam, não
se
sabe.
“O certo é que os conceitos de identidade pessoal e de
livre-arbítrio teriam de ser interpretados num contexto mais amplo,
já que infinitas cópias de você e de mim estariam espalhadas por
universos paralelos”, escreveu o físico.
Os
paradoxos da física quântica
Até o momento, a
função de onda foi considerada uma mera função matemática, capaz
de nos dizer a probabilidade de encontrar um elétron em um ponto
específico. Um escamoteamento estatístico e nada mais. Agora, uma
pesquisa que está abalando o mundo da física mostrou que a função
de onda é algo real e tangível: o elétron realmente existe em um
número infinito de pontos ao longo de sua órbita, como tantas
infinitas realidades diferentes que vêm reduzido a uma única
realidade somente quando o observador faz o elétron entrar em
colapso nesse ponto exato (science.fanpage).
Quando foi
introduzido pela primeira vez, na década de 1950, pelo matemático
americano Hugh Everett III, a teoria de muitos mundos foi
ridicularizada. Everett
lutou para publicá-la e, no final, abandonou, decepcionado, sua
carreira acadêmica. Ao longo dos anos, no entanto, suas explicações
sofisticadas de alguns fenômenos estranhos do mundo subatômico,
como a capacidade das partículas de coexistirem em diferentes
lugares, tornaram-se cada vez mais aceitas entre os físicos.
Apesar de suas
muitas estranhezas, a física quântica é uma teoria aceita e
comprovada por experimentos, tanto quanto a da relatividade e é
aplicada diariamente em muitos campos científicos e tecnológicos,
produzindo um grande número de achados importantes para a indústria.
No entanto, seus
fundamentos filosóficos continuam a ser uma fonte de grande
perplexidade. Mas os cientistas foram se acostumando com esses
paradoxos e essas esquisitices, de tal modo, que levou o prêmio
Nobel Richard Feynman a afirmar: "quem acredita
de ter compreendido a mecânica quântica, não
a entendeu suficientemente"; e o
físico-matemático e prêmio Nobel Niels Bohr a dizer: “quem
não se chocou com a mecânica quântica,
significa que não a compreendeu.”
"De acordo
com a teoria de Everett, cada universo é dividido em uma série de
novos
universos, quando
uma medição quântica é realizada. A partir de suas idéias,
mostramos que é precisamente a partir da interação entre esses
mundos, especialmente a repulsiva, o
que gerariam os fenômenos quânticos. No
multiverso - acrescenta
David Deutsch, físico da
Universidade de Oxford - cada vez que fazemos uma escolha, também se
apresentam todas as outras possíveis
escolhas, porque nossas duplas
nos universos paralelos, executam todas
elas."
Uma idéia esquiva,
difícil de aceitar, mas, pensando bem, não inteiramente negativa. O
fato de que, diante das escolhas mais difíceis de todos os dias,
todas as alternativas possíveis tenham a oportunidade de se
realizar, pode ser muito confortante.
Mas
como testar essas teorias e associá-las a fenômenos físicos
observáveis?
De acordo com Lisa
Randall, a primeira mulher a obter a cátedra de física teórica
na Universidade de Harvard, um caminho possível é a ligação com
as investigações sobre a natureza da força de gravidade. De acordo
com seus estudos, entre os mais citados nos últimos anos, os outros
universos, muito próximos ao nosso, embora invisíveis, estariam
imersos em um espaço multi-dimensional, como um arquipélago de
ilhas espalhadas no oceano. Em uma dessas ilhotas estariam
concentradas as partículas que carregam a força da gravidade, como
os fótons fazem com a luz.
São chamadas de
gravitões e seriam os únicos capazes de saltar de um universo para
outro. Mas apenas alguns conseguiriam "visitar" o nosso
universo. É por isso que a força da gravidade parece tão fraca,
pois é diluída em vários universos que a absorvem como uma
esponja.
"Um dos
propósitos dos meus estudos é explicar por que a gravidade é tão
fraca em comparação com outras forças fundamentais da natureza",
explica a estudiosa em seu livro “Passagens Curvas”. Um pequeno
íman, na verdade, pode atrair um grampo, apesar do fato de que a
Terra, na sua totalidade, exerça sobre ele sua atração
gravitacional ".
Existem
muitas regiões inexploradas no universo
O batismo
experimental nessas pesquisas teóricas poderia chegar no próximo
ano, no Cern de Genebra, com o reancendimento à sua máxima
energia da Lhc, o acelerador de
partículas mais
poderoso do mundo. Essa máquina, uma pista magnética de 27 km capaz
de sondar a estrutura mais íntima da matéria, poderia ser capaz de
ver os gravitões, até então nunca observados diretamente. "Com
a Lhc, podemos encontrar partículas que já não existem desde o Big
Bang, cerca de 14 bilhões de anos atrás - enfatiza Randall. Pode
haver alguns deles vivendo apenas em outras dimensões, ou mesmo em
outros universos. A observação deles,
portanto, seria uma prova importante da existência de outros mundos
". Essas partículas, na verdade, deixariam uma espécie de
impressão gravitacional em nosso universo. Como uma sombra que se
estende na parede em um dia ensolarado.
"Nós não
sabemos como esses estudos mudarão nossa percepção do mundo",
diz Randall. “O próprio Einstein não poderia prever que
sua teoria da Relatividade, um dia encontraria aplicações no Gps.
Existem muitas regiões ainda inexploradas no universo” -
acrescenta a estudiosa. “Saber o que procurar é muitas vezes
difícil, mas isso não deve nos desencorajar. O que ainda não se
conhece, deve servir como estímulo para fazermos novas perguntas. É
isso que torna a ciência atrativa " - conclui a cientista de
Harvard.
Fonte:
https://super.abril.com.br/comportamento/o-futuro-ja-aconteceu/
Lo
studio su Physical Review X
http://www.ilfattoquotidiano.it
http://www.repubblica.it/scienze
Nessun commento:
Posta un commento