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venerdì 16 dicembre 2022

Sabia que cada escolha que fazemos, todas as outras possíveis se apresentam?

 


Imagine poder refazer todas as escolhas da sua vida. Morar em uma cidade diferente, escolher uma faculdade ou um emprego diferente, ou apenas de vestir uma roupa azul antes de sair. Imagine agora que cada uma dessas decisões criou uma bifurcação da realidade onde sua vida tomou um rumo diferente. Segundo essa teoria, são nossas ações que dão vida a universos alternativos e que em cada um deles vive uma versão diferente de nós: é a ideia do multiverso que, graças ao lançamento dos filmes da Marvel Studios Spider Man No Way Home e Doctor Strange, experimentou um enorme crescimento em popularidade, nos limites da compreensão humana.

Um novo estudo teórico realizado por pesquisadores da Griffith University em Brisbane, Austrália, publicado na prestigiosa revista Physical Review X, postula que todas as histórias e futuros alternativos possíveis são reais - na interpretação de muitos mundos da mecânica quântica - cada um deles representando um mundo real, embora paralelo. A realidade da física quântica (partículas subatômicas), segue uma lógica que não faz sentido no mundo das coisas grandes: tudo vive em vários lugares ao mesmo tempo.

Se você, por exemplo, fosse uma partícula subatômica, você poderia ter cópias-fantasma em Nova York, Paris e em Plutão, neste exato momento. Esses “vocês” estariam em lugares diferentes mais seriam a mesma pessoa, com a mesma consciência. Mas isso só não acontece porque as bizarrices do universo quântico não existem no mundo das coisas maiores – o dos átomos inteiros, moléculas, planetas… É como se a nuvem de cópias-fantasma das partículas fosse esmagada pelo “peso” das coisas grandes. Tudo o que os cientistas conseguem ver, quando tentam olhar para essa nuvem de cópias-fantasma, é uma única partícula solitária. Essa sobrevivente aparece em qualquer parte da nuvem, num lugar impossível de prever. E seus clones somem, como se tivessem sido só parte de um sonho.

Muitos físicos acham que o nosso mundo é tão onírico quanto o subatômico. Para eles, quando algum pesquisador tenta olhar as infinitas partículas-fantasma da nuvem quântica e só consegue ver uma, não é que as outras evaporaram; mas que o cientista se dividiu em cópias infinitas, espalhadas por universos paralelos! E é isso o que diz a teoria dos Mundos Múltiplos, moldada pelo físico norte-americano Hugh Everett em 1957. Ela diz que, se a partícula solitária que surgiu daquela nuvem de clones pode aparecer aqui, lá ou acolá, você também pode. Significa que uma versão de você em cada universo, vai encontrar a tal partícula em qualquer que seja o universo paralelo, sem limite nenhum.

De acordo com a teoria de Everett, “cada universo é dividido em uma série de novos universos, quando uma medição quântica é realizada. A partir de suas idéias, mostramos que é precisamente a partir da interação entre esses mundos, especialmente a repulsiva, o que gerariam os fenômenos quânticos. No multiverso - acrescenta David Deutsch, físico da Universidade de Oxford - cada vez que fazemos uma escolha, também se apresentam todas as outras possíveis escolhas, porque nossas duplas nos universos paralelos, executam todas elas."

Uma idéia esquiva, difícil de aceitar, mas, pensando bem, não inteiramente negativa. O fato de que, diante das escolhas mais difíceis de todos os dias, todas as alternativas possíveis tenham a oportunidade de se realizar, pode ser muito confortante.

Embora a ideia realmente soe como algo saído da mais barata ficção científica, há uma física bastante razoável por trás dela. Por trás desse mistério está a dualidade onda-partícula, em que as pequenas coisas, podem e devem ser vistas como: uma partícula – limitada no espaço – ou uma onda – espalhando-se no espaço.

Um computador quântico conseguiu ver 16 futuros diferentes

Em um estudo publicado em 9 de abril na revista Nature Communications, guiado por Mile Gu, professor assistente de física na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, usando um novo simulador quântico conseguiu prever os resultados de 16 futuros diferentes.

Os autores criaram um dispositivo para reproduzir uma superposição quântica. Para fazer isso, eles desenvolveram um processador quântico específico, no qual os resultados possíveis (ou os futuros) de um processo decisional específico, são representados pela posição dos fótons, os quanta de luz.

Ao estudar essa superposição de estados físicos puramente teóricos, os autores, partindo de considerações matemáticas, desenvolveram o algoritmo capaz de examinar todos esses futuros.

Na realidade macroscópica, aquela que conhecemos e que é dominada pelas leis da física clássica, certamente não é possível gerar simultaneamente todos os futuros possíveis para observá-los e escolher o melhor. Mas os cientistas hoje tentaram fazê-lo no mundo invisível do infinitamente pequeno por meio do computador quântico. Um grupo coordenado pela Universidade de Griffith desenvolveu um protótipo de dispositivo quântico capaz de gerar simultaneamente todos os cenários futuros possíveis - nesse caso, não são situações reais, mas estados quânticos. Não se trata de prever o futuro, mas de produzir simultaneamente, através de um algoritmo quântico complexo, todos os resultados potenciais de uma operação específica, para poder escolher o melhor.

A cada momento, muitas possibilidades

Cada escolha que nos é apresentada pode levar a diferentes resultados: por exemplo, no filme Sliding doors vemos dois futuros muito diferentes fluindo. Multiplique isso pelo número de escolhas que se apresentam em cada momento e você terá uma ideia de quantos futuros possíveis existem a cada dia.

Quando pensamos no futuro” – sublinha Mile Gu, que desenvolveu o algoritmo quântico subjacente ao protótipo – “deparamo-nos com um vasto leque de possibilidades. Essas possibilidades crescem exponencialmente a cada instante, à medida que avançamos no futuro.

Mesmo que tivéssemos apenas dois caminhos diferentes para escolher a cada minuto, 14 milhões de futuros possíveis teriam sido criados em menos de meia hora." Em suma, seria um mar de futuros que desconhecemos.

Duas coisas podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo! - Capítulo XVIII

Nos sonhos, podemos migrar para universos paralelos – Cap. 19