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domenica 24 febbraio 2019

Oscar 2019 - O que faz com que um filme seja digno de ganhar o Oscar?




Pensar que o Oscar de melhor filme deveria ir para o melhor filme seria pelo menos redutivo. Mas para colocar as mãos na estatueta, vale tudo: anúncios pagos elogiando o filme, eventos e DVDs para os membros da Academia, desfile por uma famosa avenida de Los Angeles com uma vaca e muito mais.

Para começar, na realidade ninguém sabe dizer o que faz com que um filme candidato ao oscar seja o melhor: é difícil duas pessoas chegarem a um acordo, muito menos quando se trata de oito mil (o número de pessoas que votam para o Oscar).
O certo é que um Oscar - além de fama e glória - traz vários benefícios econômicos e de imagem a quem ganha. Então, quem está por trás de um filme indicado ao Oscar, em particular para um Oscar de Melhor Filme, faz uma intensa atividade promocional para ganhar o prêmio. Em teoria, tem que convencer alguns milhares de profissionais do cinema de que seu filme é melhor que os outros. Na prática, porém, é um trabalho longo, complicado e caro.

A Estréia da Netflix
Este ano se falou muito da campanha de Netflix para tentar levar o filme Roma - do mexicano Alfonso Cuarón - a obter o Oscar de melhor filme: se ganhasse, seria o primeiro filme estrangeiro a obter o Oscar, além de ser o primeiro da Netflix.

A condição necessária para tentar ganhar um Oscar é ter um filme de certo tipo e de um certo nível. Roma é um filme em preto e branco, em espanhol, que conta uma história pessoal, mas também um pouco de política, com muitos atores não profissionais e uma protagonista mulher e não-branca: todas as caracteristicas que fazem de Roma um filme particular, talvez até não-convencional demais para poder ganhar o Oscar. Mas o filme foi criado, escrito, dirigido por Alfonso Cuarón: um cineasta muito popular, que já ganhou alguns Oscars, graças à Gravity.
Depois de apresentar Roma a festivais - por exemplo, em Veneza, onde ganhou o Leão de Ouro - e tê-lo mostrado em cinemas (assim ditam as regras do Oscar), Netflix percebeu que poderia ter grandes chances como pretendente ao Oscar mais importante, e, portanto, decidiu investir pesado.

«Para sua consideração» - estratégias de marketing
Em 30 de novembro de 2000, a DreamWorks fez uma sessão exclusiva do Gladiador, seguida de um “Q & A” (entrevista) com o diretor Ridley Scott, no mesmo teatro onde rola o Oscar. Em teoria, era para promover o lançamento do DVD do filme, mas vários convidados eram membros da Ampas (a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood). Gladiador levou o prêmio máximo e desde então as Q & As viraram peças-chave nas campanhas.

Promover um filme para espectadores comuns é fácil mas convencer um pequeno nicho de pessoas que votam no Oscar é outra coisa. Precisa fazer publicidade mirada em revistas especializadas como a Variety ou o Hollywood Reporter. Para aqueles que lêem essas revistas muitas vezes acontece de ver publicidades que diz "For Your Consideration" ( "A’ sua atenção"). Servem para dizer aos membros daquele pequeno círculo de pessoas que fazem parte da Academy, e votam no Oscar, de considerarem aquele filme, vê-lo e, possivelmente, votar nele.
Além de publicidade em papel, há aquelas em outdoor. Netflix possui vários cartazes da Sunset Strip de Hollywood, e Los Angeles e nos últimos meses usou quase todos eles para fazer propaganda de Roma.

Lobbying – Vale tudo!
No entanto, a publicidade tradicional por si só não é suficiente. Para promover um filme para o Oscar é como uma campanha eleitoral: é preciso "criar uma narrativa", "contar uma história", "transmitir uma mensagem". Se possivel, deve fazer também com que histórias, mensagens e "narrativas" dos filmes oponentes sejam o menos interessante possível. Para fazer isso é preciso fazer relações públicas - organizar eventos, jantares, festas, exibições, de preferência com a participação de cineastas e atores - e, dentro dos limites permitidos, mimar os eleitores com presentes e atenções de vários tipos.
Se não for suficiente, espalhar boatos sobre seus rivais! Em 2009, um produtor de Quem Quer Ser um Milionário? teve que vir a público desmentir que havia explorado mão-de-obra infantil durante as filmagens.

Netflix entra em jogo
Roma é o primeiro filme da Netflix a ser indicado ao Oscar de melhor filme. E Netflix - que alguns cineastas e crítico ainda esnobam por fazer concorrencia ao cinema tradicional - está muito interessada em ganhar esse Oscar para mostrar que agora joga no campeonato principal, e pode, além do mais, também ganhar. Além disso, seria uma maneira de vingar-se daqueles cinemas que decidiram não mostrar Roma em suas salas, sabendo que logo depois estaria disponível online.

De modo mais geral, vencendo o Oscar de Melhor Filme, para Netflix iria se ativar um círculo virtuoso: ganhar prestígio, aumentar assinantes e convencer cada vez mais os cineastas, atores e atrizes do mais alto nível para trabalhar em seus filmes. Três ou quatro anos atrás, parecia que "fazer um filme com Netflix" e "fazer um filme para ganhar o Oscar" eram duas coisas quase antitéticas. Se Netflix ganhar o Oscar de Melhor Filme - e ainda mais com um filme estranho, de nicho e que espelha a personalidade do proprio autor - realmente mudaria a forma como ela é percebida na indústria.

Qual a estratégia da Netflix?
No verão de 2018 contratou Lisa Taback, considerada a melhor orquestradora de campanhas para a conquista de um prêmio Oscar.
Taback tem 55 anos e em sua carreira conseguiu o Oscar para cinco filmes: Shakespeare in Love, Chicago, O Artista, Discurso do Rei e Caso Spotlight, e colaborou por muitos anos com a Miramax, a produtora fundada pelos irmãos Weinstein, que foi considerado um fenômeno quando se tratava de ganhar o Oscar para seus filmes (por exemplo, ao medíocre Shakespeare in love, que bateu o super favorito "O Resgate do Soldado Ryan"). O filme protagonizado por Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes superou, contra todas as expetativas, “O Resgate do Soldado Ryan”, de Steven Spielberg, naquela que é considerada “a grande surpresa (ou injustiça) da história dos Óscares”.

Taback lidera uma equipe de cerca vinte pessoas que trabalham em atividades destinadas quase exclusivamente à vitoria dos prêmios, e dizem que, para os Oscars tenha recebido um budget de pelo menos US$ 25 milhões; cerca de duas vezes o custo de Roma. Como o New York Times escreveu, alguns falam de Taback como sendo "brilhante", e outros a chamam de "implacável".

O que Taback faz, na prática
Organizar eventos, é obvio, e com todo aquele dinheiro é relativamente simples. Mas talvez você não saiba que, para tentar ganhar um Oscar em fevereiro de 2019, já em agosto de 2018, Taback convidou alguns grandes nomes e cineastas de Hollywood para um "cocktail party", durante o qual algumas cenas de Roma foram exibidas. Taback também decidiu mandar para centenas de pessoas uma estratégica caixa de chocolates temáticos (mexicanos, com as palavras "!FELICES FIESTAS!") e um livro de mais de dois quilos, no valor de US$ 175, com fotografias do filme.
Do trabalho de Taback se poderia dizer que é um daqueles em que menos se fala dela mesma, melhor é. O ideal, do seu ponto de vista, é que se fale muito sobre o filme e pouco sobre ela, ou sobre todas as coisas que ela faz para se certificar de que se fala sobre o filme.

Por outro lado, todos os candidatos ao Oscar de melhor filme fazem algum tipo de campanha. Há também aqueles que dizem que sem uma campanha, independentemente da qualidade do filme, um filme não consegueria sequer estar entre os indicados ao Oscar. Em particular, neste ano, em que parece não haver um grande favorito, quase todos os filmes têm a chance de ganhar e fazem campanha, cada um tentando convencer os jurados e explicar por que seria ótimo se seu filme ganhasse o Oscar. No entanto, existem regras a serem seguidas: no caso do Oscar em 2019, existem nove páginas de regras muito específicas (que proíbem, por exemplo, chamar membros da Academia para promover seu próprio filme).

Alguns artistas já tentaram, no passado, fazer campanha, digamos, muito bizarras. Para promover Império dos Sonhos, em 2006, o cineasta David Lynch desfilou por uma famosa avenida de Los Angeles com uma vaca (!). O filme nada tinha a ver com os bovinos. Já James Franco gravou um vídeo cômico em 2011 com sua vovó xingando todo mundo que achou a cena da amputação em 127 Horas forte demais. E ele foi mesmo indicado!

Que Ganhe o melhor
Ninguém acha que um diretor especialista em fotografia ou uma talentosa atriz votem de certa forma por ter visto dois cartazes ou porque gostou dos chocolatinhos. E nem sequer é suficiente gastar dezenas de milhões de dólares para promover um filme, pra ganhar o Oscar: há dois anos, a Amazon concentrou-se muito em Manchester by the Sea e dizem que alguns anos antes foi investido muito dinheiro na The Social Network: os dois perderam. Ao mesmo tempo, se fosse inútil, a Netflix certamente teria usado essas dezenas de milhões de euros de outras formas. Tudo faz a mesma sopa.


Fonte; 
https://www.ilpost.it/