Descubra por que as gorduras boas não são
inimigas da saúde — e como elas podem proteger o coração,
turbinar o cérebro e trazer mais energia e saciedade ao seu dia a
dia.
O retorno das gorduras: de vilãs a heroínas da saúde
Durante décadas, a
gordura foi tratada como a grande vilã da alimentação. Produtos
“light”, “zero gordura” e “fit”
dominaram as prateleiras, enquanto o azeite, a manteiga e o abacate
eram vistos com desconfiança. Margarina no lugar da manteiga, leite
desnatado em vez do integral, peito de frango grelhado e nada de
gemas no omelete. E nós acreditando que estávamos fazendo o melhor
pelo coração e pela balança.
Mas — surpresa — a ciência
mudou de ideia. E, como em um enredo digno de reviravolta
cinematográfica, as gorduras voltam a ocupar o papel de heroínas da
boa saúde.
Hoje, estudiosos afirmam: as gorduras boas são
fundamentais para o corpo e podem até salvar vidas.
Gordura
é combustível para o cérebro
Cerca de 60% do
nosso cérebro é composto por gordura. Isso mesmo: o órgão que faz
você pensar, amar e criar memes precisa de gordura para funcionar.
Ácidos graxos como o ômega-3 (encontrado em peixes, nozes e
linhaça) são essenciais para a comunicação entre os neurônios e
para a prevenção de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer,
e depressão.
Em
outras palavras, uma dieta totalmente “sem gordura” é o
equivalente cerebral de tentar ligar um computador sem energia
elétrica. Sem gordura, o cérebro perde desempenho — como um
carro tentando andar sem combustível.
O mito do
colesterol: vilão ou mal compreendido?
Durante décadas,
acreditou-se que comer gordura aumentava o colesterol “ruim”
(LDL) e causava doenças do coração. Pesquisas recentes
mostram que o tipo de gordura — e o tipo de colesterol — faz toda
a diferença. O tipo de LDL importa: há partículas grandes (menos
perigosas) e pequenas (mais danosas). E a gordura saturada pode
aumentar o colesterol bom (HDL), que ajuda a limpar as
artérias.
As gorduras naturais, como as do azeite, do côco e
da manteiga de boa procedência, podem aumentar o colesterol bom
(HDL) e equilibrar o metabolismo.
Já o verdadeiro
inimigo da saúde cardiovascular parece ser outro: o excesso de
açúcar - especialmente o refinado - e alimentos
ultraprocessados.
Gordura
como fonte de energia e equilíbrio
Dietas como a
cetogênica e a low carb popularizaram uma ideia
contraintuitiva: que o corpo pode usar gordura como principal fonte
de energia e de forma mais estável que a glicose.
Quando isso
acontece, o fígado produz corpos cetônicos, que servem como um
combustível limpo e duradouro, eficiente para o cérebro, o foco, a
resistência física. e os músculos.
É por isso que muitas
pessoas relatam mais disposição e menos picos de fome quando
consomem mais gorduras boas e reduzem os açúcares.
O retorno do sabor (e da saciedade)
Além da ciência, há o simples prazer de comer. Há algo que a gordura devolve à mesa: ela torna os alimentos mais suculentos, aromáticos e satisfatórios. E isso não é um luxo, é uma ferramenta biológica: quando a comida é saborosa e nutritiva, o corpo sente saciedade de verdade, o que naturalmente reduz os excessos.
Ela realça o gosto
dos alimentos e proporciona saciedade, evitando exageros e
compulsões. Quando o corpo recebe o que precisa, ele naturalmente
come melhor — e menos.
Reabilitando
as gorduras boas
O medo da gordura foi um dos
maiores equívocos da nutrição moderna. Colocamos a gordura no
papel de vilã sem entender seu papel fundamental. Hoje, o pêndulo
começa a voltar:
Hoje, sabemos que o
segredo está no equilíbrio: comer comida de verdade, com boas
fontes de gordura, proteína e vegetais frescos. não é a gordura
que nos faz mal, mas o desequilíbrio — especialmente o excesso de
açúcares e ultraprocessados.
O azeite, o abacate e o salmão —
antes demonizados — agora são símbolos de vitalidade, longevidade
e bem-estar.
Gorduras boas x
gorduras ruins: entenda a diferença
Nem toda
gordura é igual. Claro, há gorduras e “gorduras”. As gorduras
boas, as naturais, encontradas em alimentos naturais como azeite de
oliva, abacate, nozes, castanhas, manteiga de boa procedência, e
peixes gordos, são fontes valiosas de nutrientes. Nutrem o corpo e
ajudam a regular hormônios e inflamações.
Já as gorduras
trans, as artificiais presentes em produtos industrializados,
frituras e margarinas, continuam sendo vilãs e devem ser evitadas —
elas alteram o metabolismo e aumentam o risco de doenças
cardiovasculares.
A boa notícia?
Basta cozinhar com ingredientes reais, o mais próximos possível do
natural, e você já está no caminho certo.
No fim das
contas, a velha sabedoria da avó faz sentido: “comida de verdade,
com moderação, e feita com amor”.
E, sim — com um bom fio
de azeite por cima.
Em resumo: não é a gordura que faz mal — é a falta de informação.