“O
que pensamos gera emoções, mas o mesmo acontece com o que comemos".
- Montse Bradford
Um aspecto
importante da comida é que ela tem o poder de mudar nosso estado,
tanto do ponto de vista eletroquímico quanto do ponto de vista
emocional. A comida nos acompanha em muitas situações emotivas da
nossa vida e contém significados importantes sobre os quais
construímos parte da nossa história.
A ligação entre
emoções e comida é muito mais importante do que podemos pensar. É
um fato real.
Observou-se que, um
maior emocionalismo na ingestão de alimentos corresponda a uma maior
falta de controle sobre o número de refeições, com uma constante
da eliminação do café da manhã da rotina alimentar.
A
interligação entre os sabores e as emoções pode encontrar
explicação na ciência.
Segundo o
neurologista e psiquiatra Giuseppe Ierace, ex-professor da
Universidade de Messina, na Itália, existe uma conexão direta entre
o centro das emoções no cérebro e o córtex gustatório e
olfatório, regiões onde os sabores e odores são processados.
Assim como o sabor
tem o poder de despertar emoções, o alimento também possui uma
forte conexão com o humor, uma vez que ambos refletem estados
emocionais.
A regulação
emocional é um conceito que se refere ao gerenciamento das emoções
experimentadas por uma pessoa, de acordo com as circunstâncias e o
estado emocional dos outros. Assim, observou-se que a vergonha e a
culpa são as emoções que podem ter um impacto negativo maior na
dieta.
Ao aprender a
modular as emoções através da ingestão de alimentos, é porque em
algum momento da vida essa solução se mostrou eficaz, útil e
decisiva em responder a uma necessidade fundamental, a de não estar
sozinho, de não sofrer, de sentir-se melhor.
A comida, fonte de
conforto, também se torna fonte de culpa devastadora, inadequação,
desgosto e se caracteriza por aqueles aspectos negativos que tentamos
evitar, criando assim um círculo vicioso que aprisiona em seus
mecanismos de insatisfação-recompensa-emoções negativas-procura
por nova recompensa.
As emoções exercem
uma influência poderosa na escolha de alimentos e hábitos
alimentares. Por exemplo, descobriu-se que a ligação entre emoções
e alimentos é mais forte em pessoas que sofrem de obesidade do que
aquelas que não sofrem com isso e naqueles que seguem uma dieta
(Sánchez e Pontes).
Desejo, prazer,
satisfação... mas também cautela, medo, desconfiança, rejeição,
são os componentes envolvidos na nutrição, que muitas vezes se
alternam na mesma pessoa.
A relação com a
comida, portanto, é a expressão de um apetite que não se limita a
satisfazer a fome, mas envolve os impulsos mais instintivos e vitais
da vida afetiva.
Desordem
de alimentação descontrolada
Comer por motivos
emocionais ou em relação à estados emotivos (emotional eating)
é uma das principais causas de uma relação conflituosa com a
alimentação, que pode levar, nos casos mais graves, ao binge
eating disorder ou desordem da alimentação descontrolada.
Estima-se que cerca de 75% da alimentação excessiva seja devida a
emoções. Em vez de expressar as emoções de maneira fluida e
funcional, muitas vezes tendemos a sufocar a emoção por meio de
comidas "confortáveis", que no imediato levam a uma
agradável sensação de satisfação, mas que geram um sentimento de
culpa capaz de minar a auto-estima e piorar o estado da saúde e a
qualidade de vida da pessoa.
As pessoas
desenvolvem comportamentos diferentes em resposta às emoções que
experimentam, dependendo de vários fatores, como o contexto em que
se encontram, o nível de educação e a capacidade de identificar e
gerenciar seus sentimentos. Tudo isso resulta em uma melhor ou pior
capacidade de controlar o peso de alguém.
Também foi afirmado
que as emoções não são em si uma causa de excesso de peso, mas
sim a maneira pela qual elas são gerenciadas e tratadas.
A relação entre as
emoções e a comida é uma relação bilateral: o que comemos afeta
nosso humor e as emoções que sentimos afetam nossa maneira de
comer. Cooper nos diz que o fato de não conseguir controlar o
estado de espírito negativo contribui notavelmente no aparecimento e
na persistência dos transtornos do comportamento alimentar.
Os
alimentos de humor
O desejo
incontrolável por um tipo de comida (craving) é um sinal de
que algo dentro de nós não está em equilíbrio e que devemos parar
e observar nossa vida.
Há uma propensão
maior de as pessoas comerem mais comidas gordurosas quando estão de
mau humor. Assim como os baixos níveis de açúcar no organismo
podem provocar irritabilidade ou estimular a vontade de comer mais.
Quem nunca, em
certos momentos, não buscou o conforto do chocolate, o estímulo do
café ou o poder relaxante de um chá de camomila? Estes
comportamentos sintonizam-se com o conceito “mood food” ou
“alimentos de humor”. Isso se explica porque os nutrientes
contidos em determinados alimentos têm o poder de ativar
neurotransmissores no cérebro, como a serotonina e/ou a dopamina que
promovem impacto no seu estado de ânimo e humor.
Em um nível
simbólico, podemos, portanto, entender muito sobre nós mesmos a
partir do tipo de comida que estamos procurando.
A
Crononutrição
A crononutrição é
a área responsável por estudar como o relógio biológico de cada
indivíduo influencia a alimentação. Nela, a ideia principal é que
o organismo de cada pessoa tem um relógio e um funcionamento
específico - que se reflete, diretamente, no metabolismo e ainda
dita o melhor horário para cada refeição.
Assim como o ciclo
vigília-sono é gerenciado pelo relógio biológico "central"
(localizado em uma área do cérebro chamada hipotálamo), outros
estímulos, incluindo a fome, também são estabelecidos por um ritmo
interno, controlados por relógios biológicos que poderíamos chamar
"periférico". Para manter um estado geral de saúde, é
bom que todos os relógios periféricos trabalhem em estreita conexão
uns com os outros, coordenados pelo relógio central.
Para fazer isso, o
segredo é confiar nas regras da Crononutrição: não é a enésima
nova dieta, mas um regime alimentar, cuja base científica foi
confirmada pelo prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina 2017 conferido
aos três cientistas americanos Jeffrey. C. Hall, Michael Rosbash
e Michael W. Young, pela descoberta dos mecanismos moleculares
que controlam os ritmos circadianos.
A Crononutrição
leva em conta a importância de sincronizar o momento em que
tomamos as refeições e sua composição em nutrientes com o nosso
relógio interno principal, que é marcado por ciclos claro-escuro,
regula nosso ritmo circadiano de sono-vigília. Estudos recentes
mostraram que os horários de ingestão de alimentos podem
desempenhar um papel importante na regulação do peso.
Respeite seu relógio
biológico e facilite seu metabolismo comendo em horários regulares
e constantes. A regularidade das refeições e horários também
ajudará o metabolismo e o ritmo entre o jejum e a digestão. Os
horários não precisam ser os mesmos para todos, mas devem ser
constantes e adaptados ao seu dia, com base em seus compromissos. A
crononutrição é apenas uma boa regra de comportamento na
mesa.
Portanto, seguir a
crononutrição não significa necessariamente comer de
maneira saudável e inteligente, mas escolher os momentos certos para
fazê-lo durante o dia. E acima de tudo, prestar atenção ao sono,
um aspecto fundamental. Como a luz é um dos principais estímulos
externos que condicionam o ritmo sono-vigília, o corpo tende a
descansar à noite e a ficar ativo durante o dia, graças sobretudo à
secreção cíclica diária da melatonina.
Não
coma com pressa
Tome o tempo
necessário, não coma com pressa porque, como é bem sabido, torna a
digestão mais difícil e turbulenta. Além do mais, é um truque tão
antigo quanto o mundo: a sensação de saciedade é transmitida ao
cérebro com um atraso de cerca de 20 minutos, portanto, se você
engolir com pressa, arrisca-se a comer demais antes de saber que está
satisfeito. Comer devagar ajuda a digestão e também é uma ótima
maneira de não exagerar.
Controle
as emoções
A comida e o ato de
comer muitas vezes também são atos emocionais: há aqueles que
comem quando estão estressados ou em estado de ânsia,
quando ficam entediados ou quando se sentem sozinhos. Se suas emoções
transbordarem sobre a mesa de maneira desordenada, então uma boa
maneira de desenvolver um relacionamento saudável com a comida é
controlar e entender seus sentimentos. Aprenda a ser zen,
a analisar com desapego o que está acontecendo ao seu redor. Se você
ver a sua serenidade como um recurso precioso para a sua saúde,
então você não permitirá facilmente que até mesmo as pequenas
coisas o perturbem. Em poucas palavras: respeita-te e cuide de si
mesmo.
Fonte:
alfemminile.com
lamenteemeravigliosa.it/
medicitalia.it/
vanityfair.it/benessere/