Todas as noites, ao
fecharmos os olhos, mergulhamos em um universo onde as leis da lógica
se desfazem e o impossível se torna cotidiano. Voamos sem asas,
conversamos com quem já partiu, revisitamos lugares desconhecidos e,
ainda assim, tudo parece natural. Mas afinal — o que são os
sonhos? Ilusões da mente? Ou sinais de algo mais profundo, talvez
uma viagem da alma?
A resposta depende do caminho que você
escolhe trilhar: o da ciência ou o da espiritualidade. Ou, quem
sabe, um ponto de encontro entre ambos.
Segundo
a neurociência, os sonhos são um subproduto da atividade cerebral
durante o sono, especialmente na fase REM (Movimento Rápido
dos Olhos). Nesse estado, o cérebro continua ativo, mas áreas
ligadas à lógica e ao pensamento racional, como o córtex
pré-frontal, ficam menos funcionais. Por isso, aceitamos o absurdo
com naturalidade nos sonhos: tudo pode acontecer, e raramente
questionamos.
Sonhamos com rostos que não lembramos ter visto,
cenários inéditos e histórias completamente inventadas. Para a
ciência, isso não é mistério — é o poder criativo do cérebro.
A mente é capaz de recombinar memórias, estímulos, traumas,
emoções e percepções inconscientes em narrativas oníricas novas.
Como um diretor de cinema trabalhando com fragmentos desconexos, o
cérebro monta cenas e simbolismos que muitas vezes nem reconhecemos
como nossos.
A mente é capaz de criar novas combinações a
partir de fragmentos de experiências passadas — mesmo que
inconscientes. Você pode ter visto um rosto por 2 segundos na rua e
ele pode aparecer num sonho anos depois, misturado com outro rosto.
A
criatividade onírica é intensa: o cérebro, livre das amarras da
lógica, pode inventar coisas novas com base em emoções, símbolos
ou até necessidades internas (medos, desejos, traumas).
A razão
parece "adormecida" nos sonhos
Durante os
sonhos, especialmente os mais vívidos, nossa capacidade crítica e
racional está enfraquecida. O cérebro está ativo, mas áreas como
o córtex pré-frontal, responsável pela lógica, julgamento e
autocontrole, estão menos ativas. Por isso, podemos aceitar absurdos
(como voar, falar com mortos ou estar em dois lugares ao mesmo tempo)
como se fossem normais. É como se estivéssemos assistindo, mas sem
intervir.
Mesmo que a mente consciente não "reconheça", o cérebro armazena e recombina informações de formas surpreendentes. Mas isso não elimina a possibilidade de que haja algo mais — uma parte da experiência que a ciência ainda não consegue explicar plenamente.
O
Chamado da Espiritualidade: O Espírito em Viagem
Em
diversas tradições espirituais — do espiritismo ao xamanismo, do
hinduísmo ao sufismo — os sonhos são considerados portais.
Durante o sono, a alma ou o espírito se desliga parcialmente do
corpo físico e viaja por planos mais sutis, onde pode encontrar
outras almas, receber mensagens, revisitar vidas passadas ou
experimentar lições fora do tempo.
Para quem trilha essa
visão, sonhar com o desconhecido não é criação, mas lembrança.
Não se trata de invenção cerebral, mas de experiências reais em
outras dimensões de existência. Se você sonhou com algo que nunca
viu, talvez realmente tenha vivido isso fora do corpo — em uma
dimensão espiritual, em vidas passadas, ou em contato com outras
consciências.
O que em ciência se chama de “ativação
neural”, na espiritualidade pode ser interpretado como “despertar
da consciência”.
O Inconsciente Coletivo: O
Elo de Jung entre os Dois Mundos
Carl Gustav Jung,
psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, talvez seja a
ponte mais rica entre esses dois mundos. Ele acreditava que, além do
inconsciente pessoal (feito de nossas memórias e traumas), existe um
inconsciente coletivo: um campo simbólico compartilhado por toda a
humanidade que contem imagens e ideias que vão além da experiência
pessoal, ligando o indivíduo a uma espécie de "banco de dados"
universal
Nesse campo residem os arquétipos — imagens e
padrões universais como o herói, a mãe, o velho sábio, a sombra.
Sonhar com símbolos que nunca vivenciamos, mas que nos impactam
profundamente, pode ser a expressão desses arquétipos atuando. Eles
falam com nossa alma numa linguagem mais antiga que a razão.
E
aqui está o ponto: o inconsciente coletivo não nega a ciência, mas
amplia sua visão. Ele sugere que nossos sonhos não são apenas
pessoais — são também humanos, ancestrais, espirituais.
Sonho
ou Despertar?
Seja você um cético ou um buscador,
talvez o mais importante não seja "de onde" vêm os
sonhos, mas o que eles querem dizer. Eles podem ser pistas da alma ou
do cérebro, mas quase sempre carregam verdades profundas,
simbólicas, curativas.
Num mundo cada vez mais racional, sonhar
ainda é um dos últimos redutos do mistério. E talvez seja nesse
espaço misterioso — entre sinapses e espíritos, entre ciência e
alma — que algo maior nos observa, silenciosamente, todas as
noites.
Nos sonhos, podemos migrar para universos paralelos – Cap. 19
Você pode estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Ficção? - Cap. XV
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