Trechos do livro "Prisões Invisíveis; Liberte-se
Desde há séculos, a consciência do homem em todo o mundo, tem sido vítima de uma espécie de alucinação coletiva, produzida por uma perspectiva falaciosa do pensamento condicionado por percepções ilusórias.
Muitos estudiosos consideram que a crise atual, caracterizada pelo colapso das ideologias e do poder baseado no egoísmo, está levando alguns indivíduos a uma Nova Consciência que hoje certamente é indispensável para enfrentar os problemas sociais e ecológicos. Será o despertar dessa alucinação produzida pela dominação do ego que com sua bagagem de condicionamentos está na raiz da divisão e do conflito, que faz com que a neurose seja a condição "normal" de quase todos os seres humanos.
A maioria dos indivíduos está alienada pelo próprio Eu, aprisionada por enganos mentais inúteis, pelas esperanças e medos do ego. Por ego se entende o personagem ilusório, criado pelo pensamento, que na vã busca de segurança e estabilidade produz frustração, sofrimento e tédio
Se olharmos as coisas com objetividade, reconheceremos que a humanidade foi condicionada durante séculos por ideologias, muitas vezes absurdas, que aprisionam a liberdade interior e distorcem a percepção da realidade. Estamos convencidos de que somos indivíduos separados, dotados de ego e livre arbítrio, guiados pelo pensamento e pela razão de acordo com os rígidos cânones da sociedade.
Fomos assim nos distanciando da inteligência da Natureza e da nossa interligação com ela, perdemos o contacto com a alma e a vida real. Crenças e conformismos inibem a intuição, a inteligência e a espontaneidade. O resultado vemos no mundo, e é inútil justificar o caos social, político e econômico e os conflitos internacionais que nos cercam.
A atenção ao presente dissolve a sensação de separação
A consciência que nos conecta com o Todo, com a inteligência inerente às partículas subatômicas, com nosso potencial criativo, se manifesta quando o Eu, o tempo e o pensamento desaparecem e no imediatismo espontâneo do fluxo da vida, expressamos nosso “Eu real”. Na plena presença mental fazemos a coisa certa na hora certa, os pensamentos vêm e vão sem atrito ou conflito; a atenção ao presente dissolve a sensação de separação entre o observador e o observado e somos guiados para realizar harmoniosamente o destino, a parte que a vida nos deu no teatro do espaço-tempo.
Quando tentamos conseguir o que queremos, identificando-nos com os desejos e medos, isso será uma expressão do nosso condicionamento, portanto longe de estar em sintonia com o cosmos, com o silêncio interior de onde surge a intuição, com o coração que aceita compassivamente o que está com equanimidade.
A confusão e o conflito que afligem a sociedade e os indivíduos em todo o mundo, depende do fato de que a percepção compartilhada convencional é egoicamente polarizada e por isso a normalidade passa a ser patológica, enquanto a libertação dos enganos mentais, a clareza perceptiva de uma mente livre de condicionamentos e do passado, é uma condição tão rara que pode ser mitificada: em vez de chamá-la de estado natural, chama-se iluminação, para que o ego possa sentir-se livre em sua vã busca.
Pensamentos artisticamente criados em reação aos nossos medos, atrapalham o fluxo dos eventos
A ideia de que nossos pensamentos moldam a realidade ao nosso redor e que, ao pensar, atraimos nosso destino, do ponto de vista do Ser, é um conceito verdadeiro, mas do ponto de vista do ego dá origem a terríveis equívocos e pode até produzir problemas psicológicos sérios. De fato, o pensamento que surge da perspectiva do ego nada tem a ver com a Mente Criativa e com a Unidade da Consciência, pelo contrário, mesmo que "positivo", dificulta o fluxo harmônico dos acontecimentos e a percepção daquilo "que é".
Intuir que o mundo e o Eu não estão separados da Consciência através da qual o experimentamos e confiar que a vida pode cuidar de nós se fluirmos com o coração aberto, é algo muito diferente dos pensamentos otimistas artisticamente criados em reação aos nossos medos .
Se penso: "Eu crio o mundo ao meu redor" já estou perdido na ilusão, pois com "Eu" queremos dizer a "pessoa", a entidade criada pelo pensamento através da memória e, portanto, da "história" e das máscaras com as quais me identifico. Se atribuirmos a onipotência criativa a esse eu ilusório e não ao eu consciente, estaremos mais próximos da psicose do que da iluminação. O homem que deseja sair do conflito deve encontrar uma modalidade da consciência que não seja dominado pelo pensamento e pelo egoísmo.
Do ponto de vista do Self, a interdependência entre a consciência e a matéria, entre o ser e o devir é evidente, porém o Self não cria o que desejamos de acordo com o nosso condicionamento, mas o que é certo e realmente queremos de acordo com leis que desconhecemos, e que o pensamento não pode se aproximar porque apenas a intuição e o caminho do coração e da sabedoria-harmonia podem alcançár.
O plano Causal, a Testemunha sem forma, é o substrato do mundo fenomênico, que não existiria separado dele, e novamente isso se refere a um nível de consciência que pode ser percebido em profunda absorção e que não tem nada a ver com o pensamento lógico mas apenas com insight profundo e imediato.
É a verdade que liberta, não o seu esforço para se libertar
O despertar interior que transforma nossa relação com a realidade não é um pensamento ou uma nova forma de pensar, mas a percepção clara da realidade e dos limites do pensamento, que nos liberta do castelo das ilusões em que estávamos perdidos. Mas não é o ego que pode se libertar: é a verdade que liberta, não o seu esforço para se libertar...
Finalmente foi revelado o segredo da vida que levará à solução do problema humano: o pensamento cria! Isso significa que atraímos com pensamentos o que nos acontece e, portanto, ao decidirmos pensar positivamente tudo correrá bem e seremos capazes de transformar o mundo.
Mas atenção: a ideia de poder ter total controle sobre o destino é extremamente tentadora. Mas, na vida real, bastará enfrentar algumas dolorosas decepções para perceber que as coisas não seguem nossos desejos e que os fatos do destino não respondem aos nossos pensamentos.
O fato é que muitos de nossos pensamentos são inconscientes e alimentam programas automáticos que não conseguimos administrar conscientemente. Esses programas são o resultado de condicionamentos, traumas, padrões e crenças que carregamos conosco por anos (se não por toda a vida).
O que podemos começar fazendo é observar os pensamentos que temos diariamente. Não se trata de esconder ou sufocar emoções negativas ou simplesmente ter pensamentos positivos.
Em vez disso, significa desenvolver uma maior consciência, fazendo um trabalho de transformação do qual pensamentos e atitudes positivos surgirão automaticamente.
Então, você pode até aprender a usar seus pensamentos para literalmente transformar sua realidade atual.
O Pensamento cria. Mas atenção a não cair no engodo da ilusão – Cap- 13
O pensamento positivo melhora a qualidade de vida. CapítuloXIII
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