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Execuções
públicas e torturas são ocorrências cotidianas no Lager da Coreia
do Norte
A
Coreia do Norte é notoriamente um dos regimes mais isolados e
impermeável do planeta e ocupa um dos últimos lugares no mundo,
quanto ao respeito dos direitos humanos e liberdades pessoais. Disso
não temos dúvida.
Para
a Coreia do Norte, deixar o país sem permissão oficial –
impossivel de obter para pessoas comuns - é um crime.
Durante
depoimento à Comissão de Inquérito das Nações Unidas, em Seul,
Shin Dong-hyuk relata que, durante seus primeiros 23 anos, sobreviveu
submetido ao pior castigo concebido pelo regime mais cruel do mundo,
O
País negou manter campos de concentração e afirmou que Shin
Dong-hyuk - tema do best-seller "Fuga do Campo 14"
- era um "criminoso que fugiu depois de estuprar uma menina",
lançando uma campanha agressiva tentando desacreditar o relatório
da Organização das Nações Unidas sobre violações dos
direitos humanos no país.
Shin
admitiu em um post em sua página no Facebook ter mudado partes de
sua história, explicando ao jornalista que algumas vivências eram
muito dolorosas para falar delas.
No
entanto, Michael Kirby, um juiz australiano que
comandou a investigação da ONU, afirmou que as mudanças na parte
de Shin não afetam as contatações da comissão.
"É
parte do depoimento de uma testemunha, cujas declarações são
citadas em uma página de um relatório de 350 páginas que inclui o
testemunho de centenas de outras pessoas, portanto, isso tem de ser
considerado na sua proporção", disse ele.
Relato
de desertores do sistema norte-coreano:
"Agora
morro, pensei quando os guardas me arrastaram para a frente do campo
de execuções. Depois de meses de tortura e isolamento, naquela
manhã eu pensei que eles iam me matar. Só quando vi minha mãe com
uma corda em volta do pescoço, pronta para ser enforcada, e meu
irmão amarrado a um poste, pronto para ser fuzilado, eu percebi que
não era eu quem estava para ser morto.
Morreram
pouco depois. Mas, naquela momento, eu não senti alguma emoção. Ao
contrário.
Achei que fosse justo. De fato, fui eu a denunciá-los
aos agentes ". Shin
Dong-hyuk
Até
a idade de 22 anos, na vida e na cabeça de Shin nunca existiu TV,
Internet, ou sequer um hambúrguer, a existencia dos Estados Unidos
nem mesmo da propria Coréia do Norte. Ele não sabia sequer se a
terra fosse plana ou redonda. Sua existência, desde que ele nasceu,
tinha apenas o Campo 14. Os dias eram todos iguais. Fatos de
violência e regras a seguir. "Ninguém nunca me explicou por
que eu estava lá dentro", diz ele. "Eu achava que havia
apenas pessoas que nascessem com as armas e pessoas nascidas em
cativeiro, como eu. Que o mundo exterior fosse igual ao interior.
Talvez por isso, eu nunca pensei em fugir. "
Quando
ele fala, sua voz parece não trai qualquer emoção. Não gesticula.
Sorri levemente. E se move silenciosamente.
Dez
anos após sua fuga, o seu corpo ainda é um mapa do horror. Os
tornozelos deformados pelas algemas para mantê-lo pendurado de
cabeça para baixo, durante o isolamento. As costas e nádegas
marcadas pelas queimaduras. Os braços dobrados como um arco devido a
trabalhos forçados. O dedo médio da mão direita cortada, uma
punição – segundo seu relato - por ter deixado cair uma máquina
de costura. A parte inferior do abdômen perfurada pelo gancho com o
qual os guardas o tinham pendurado sobre as chamas, para torturá-lo.
As pernas queimadas pela cerca elétrica durante a fuga.
Seus
pais se conheceram no gulag, entre
as barracas. Suas relações sexuais eram uma recompensa que só os
prisioneiros modelo tinham direito - permitido cinco vezes por ano:
uma recompensa por bom comportamento. Desse encontro, em 19 de
novembro de 1982 Shin nasceu. Hoje tem mais ou menos a mesma idade do
ditador Kim Jong-un.
"Minha
primeira lembrança, eu deveria ter quatro anos, é de uma execução.
Naquele dia eu estava com a minha mãe. Nos enfiamos no meio da
multidão para chegar à primeira fila. Na frente dos guardas com
armas apotadas, tinha um homem amarrado a um poste. Para evitar que
gritasse, amaldiçoando talvez o governo norte-coreano, encherama a
boca dele com pedras. Então eu me lembro um par de tiros, a morte do
homem e o silêncio ".
No
Campo, as execuções eram sempre públicas e os presos eram
obrigados a participar. Mas, para dizer a verdade "muitas vezes
era considerado como uma diversao, visto a vida monótona que
faziamos."
Dos
seis campos de internamento norte-coreanos, dizem que o 14, aquele
onde Shin nasceu, é o mais duro de todos. Escondido entre as
montanhas e o rio Taedong, cerca de 80 km de Pyongyang. Mas
não o suficiente para escapar dos satélites do Google Maps.
Estimativas independentes apontam para
150 a 200 mil pessoas detidas nos campos prisionais norte-coreanos, e
desertores dizem que os presos ficam desnutridos e trabalham até
morrer.
Jee Heon-a, de 34 anos, contou à
comissão que desde o primeiro dia de prisão, em 1999, percebeu que
sapos salgados eram um dos poucos alimentos disponíveis. “Os olhos
de todos estavam afundados. Todos pareciam animais. Os sapos eram
pendurados em botões nas suas roupas, colocados em um saco plástico
e tinham a pele arrancada”, disse ela.
Em voz baixa, ela suspirou
profundamente ao contar em detalhes como uma mãe teve de matar seu
bebê.
“Era a primeira vez que eu via um
recém-nascido, e fiquei feliz. Mas de repente houve passos, e um
guarda de segurança chegou e disse à mãe para virar o bebê de
cabeça para baixo em uma vasilha com água”, contou a mulher.
“A
mãe implorou ao guarda para poupá-la, mas ele continuou batendo
nela. Então a mãe, com as mãos trêmulas, pôs o rosto do bebê na
água. O choro parou, e uma bolha subiu quando ele morreu. Uma avó
que havia entregado o bebê, discretamente o levou embora.”
Crianças
eram dadas como 'prêmio' para cães na Coreia do Norte
Desta vez, um testemunho dos horrores
vividos pelos norte-coreanos. Foi relatado por um guarda dos campos
de prisioneiros de Pyongyang.
"Havia três cães e eles mataram
cinco crianças", testemunhou Ahn Myong-Chol, em um dos
muitos testemunhos que ajudará o Conselho de Direitos Humanos das
Nações Unidas a analisar em março um relatório sobre as violações
cometidas por Pyongyang.
"Ao escapar de seus mestres, os
cães se lançaram sobre as crianças que voltavam da escola do
campo. Eles mataram imediatamente três, as duas outras respiravam
com dificuldades e foram enterradas ainda vivas pelos guardas",
declarou, por meio de um intérprete.
No dia seguinte, ao invés de
liquidarem os cães, os guardas "recompensaram os animais com
uma comida especial", acrescentou Ahn.
O órgão
de segurança das Nações Unidas aborda pela primeira vez as
violações dos direitos humanos pelo regime da Coreia do Norte
Pela primeira vez, uma comissão de
juristas formada pelas Nações Unidas elaborou um relatório que
estabelece que o regime da Coreia do Norte comete crimes contra a
humanidade, como submeter sua população ao extermínio, à fome e à
escravidão. Segundo o texto, o país merece ser levado ante um
tribunal internacional por seus crimes.
A comissão responsável por este
relatório foi constituída em maio de 2013 pelo Conselho de Direitos
Humanos das Nações Unidas
A porta-voz adjunta do Departamento de
Estado, Marie Harf, assinalou que Washington apoia o relatório
e pediu que Pyongyang adote "medidas concretas" para
melhorar a situação. Harf comentou ainda que o relatório "reflete
o consenso da comunidade internacional no sentido de que a situação
dos direitos humanos na Coreia do Norte é das piores do mundo".
As denúncias de violação aos
direitos humanos foram reveladas por um ex-guarda de campo de prisão
entre 1987 e 1994, durante Comissão de Inquérito, em Genebra, para
rever abusos do governo norte-coreano em campos que existiriam até
hoje
Fonte:
http://exame.abril.com.br/mundo/coreanos-sao-expostos-em-comissao-da-onu/
http://www.ilpost.it/2012/12/12/scappare-dalla-corea-del-nord-fuggitivi-rifugiati/
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