Você já se perguntou
como é possível estar consciente neste exato momento? Não apenas
respirar ou pensar, mas perceber que você existe, que está lendo
estas palavras, talvez com uma xícara de café ao lado ou com o
celular na mão. Mas… quem é esse “você” que sabe?
Esse simples fato — estar ciente de si mesmo e do mundo — é um
dos maiores mistérios da humanidade.
Filósofos e cientistas
vêm tentando responder a essa questão há séculos. E a cada
avanço, o mistério parece ficar ainda mais fascinante.
A
consciência não é só “algo que temos”
Talvez
o maior mistério do universo não esteja lá fora, mas dentro de
você.
O filósofo Edmund Husserl, criador da
fenomenologia, defendia que a consciência não é uma “coisa”
entre outras, como uma pedra ou uma cadeira. Ela é mais parecida com
um horizonte invisível: tudo o que aparece para nós, aparece dentro
desse horizonte. Em outras palavras, qualquer objeto que percebemos —
uma árvore, uma lembrança, até o próprio corpo — só existe
para nós porque aparece na consciência.
Imagine que o mundo
inteiro é um palco. A consciência não é um ator que entra em cena
— é o próprio palco iluminado, sem o qual nada poderia ser
visto.
Do outro lado, a neurociência olha para dentro do
cérebro e tenta decifrar como trilhões de conexões elétricas e
químicas podem gerar algo tão íntimo quanto uma lembrança ou uma
sensação.
A consciência, portanto, não é apenas algo que
“temos”. É o campo no qual toda experiência se desenrola. Mais
que um objeto, é a condição de possibilidade para que haja
objetos.
Algumas
ideias interessantes:
Teoria do Espaço
Global: a consciência surge quando o cérebro transmite
informações para várias áreas ao mesmo tempo, como se ligasse um
telão interno.
Teoria da Informação Integrada:
quanto mais as partes do cérebro se comunicam e se organizam em
rede, maior o “grau de consciência”.
Essas teorias
explicam como certas funções cerebrais podem sustentar a
experiência consciente. Mas ainda não respondem à pergunta mais
estranha de todas: por que sentir algo? Por que não ser apenas
uma máquina que processa informações sem ter nenhuma experiência
subjetiva? Esse é o chamado “problema difícil da consciência”.
O
encontro entre filosofia e ciência
Quando
juntamos as duas visões, algo mágico acontece: A filosofia nos
lembra que a consciência é sempre experiência de um mundo, cheia
de sentido e intenção.
A ciência nos mostra que essa
experiência tem raízes concretas, em neurônios, corpos e
cérebros.
É como olhar para um arco-íris: você pode
estudá-lo pela física da luz, mas também pode simplesmente se
maravilhar ao vê-lo no céu. Nenhuma das perspectivas anula a
outra.
Se a ciência busca as condições materiais da consciência, a fenomenologia descreve suas estruturas vividas. Unir essas perspectivas pode iluminar o enigma de maneira mais rica:
A fenomenologia lembra à ciência
que a experiência não é um dado bruto, mas um fluxo intencional —
sempre consciência de algo.
A ciência mostra à filosofia que
esse fluxo não é uma entidade flutuante, mas se enraíza em um
organismo, em redes neurais, em um corpo situado.
Nesse sentido,
a consciência pode ser pensada como ponte: ao mesmo tempo horizonte
fenomenológico e processo biológico.
Então…
o que é a consciência?
Talvez nunca tenhamos
uma resposta final. Talvez a consciência seja menos um problema a
resolver e mais um mistério para viver.
O fato é que sem ela,
não haveria ciência, nem filosofia, nem sequer a pergunta que você
está se fazendo agora. A consciência é o pano de fundo silencioso
de tudo o que somos.
E talvez o verdadeiro convite não seja
perguntar apenas “de onde vem a consciência?”, mas o que ela nos
permite ver em nós mesmos e no universo.
No fim das contas, o
mistério da consciência é o mistério de estarmos vivos, despertos
e curiosos — exatamente como você está neste momento.
Você
- ou seu corpo – só
morre quando a consciência “decide” deixar de ser parte
de você. Como
diriam alguns
pensadores idealistas, que a consciência é mais fundamental que a
matéria — e que o corpo é apenas um meio temporário de sua
manifestação.
Nesse caso, a morte não seria um fim, mas uma transição. É
menos um apagão e mais uma passagem.
Talvez a consciência
seja menos uma “coisa” a ser descoberta e mais um mistério a ser
habitado.
Para a fenomenologia, ela é o palco silencioso onde o
mundo aparece.
Para a ciência, ela é um fenômeno emergente de
bilhões de neurônios em sinfonia.
Entre esses dois polos, fica
a nossa experiência viva: acordar de manhã, ouvir uma música,
lembrar da infância, se emocionar diante do céu noturno.
E é
nesse entrelaçamento — entre horizontes e neurônios, entre
filosofia e ciência — que o mistério continua a nos
fascinar.
Talvez, no fim, a pergunta não seja apenas “o
que é a consciência?”, mas também: o que ela nos convida a ver
em nós mesmos e no mundo?
Mas todas essas
abordagens ainda não resolvem o chamado “problema difícil”: por
que e como processos físicos dão origem à experiência subjetiva,
ao “como é ser” alguém?
Husserl diria:
não faz sentido procurar a “origem causal” da consciência do
mesmo modo como procuramos a origem de uma pedra ou de uma planta,
porque as coisas do mundo aparecem sempre dentro de um campo de
consciência onde qualquer “origem” se manifesta.
Ela é condição transcendental para a experiência, não um ente explicável entre outros.
Tudo que existe para
nós (objetos, fatos, até nós mesmos) só existe enquanto é vivido
ou intuído na consciência.
A consciência, portanto, não pode
ser reduzida a um objeto físico ou psicológico que esteja ao lado
de outros — ela é a condição de possibilidade para que qualquer
objeto seja dado.
Exemplo: Uma árvore é “dada” na
experiência como algo diante de mim. O fato de eu poder percebê-la
como árvore depende do horizonte de significados e intencionalidade
da minha consciência.
Consciência Unificada - Um Modelo da Projeção Holográfica – Cap. 15
A Morte não existe, é apenas uma percepção interdimensional – Cap. XXII
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