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sabato 14 novembre 2020

O Universo Paralelo de Donald Trump


O Team da casa de Trump ainda não consegue digerir a derrota nem chegar a um acordo sobre o resultado das eleições. O Secretário de Estado USA, Mike Pompeo, afirma que "eles estão se preparando para uma transição light para um novo mandato de Donald Trump". Na realidade, são vítimas de sua narrativa assentada em uma realidade paralela e imaginária que acreditam de estarem sempre certos.

Tump contra todos

Trump não sabe governar, mas ele sabe o que fazer para aumentar a desconfiança e como usar essa desconfiança em seu próprio benefício.

A jornalista Lesley Stahl afirmou que certa vez Trump lhe confessou o motivo pelo qual ataca a mídia: "Para desacreditar todos vocês o mais possível, para que quando escreverem coisas negativas sobre mim, ninguém irá acreditar em vocês."

Essa postura de Trump nao é nova. Ele também desacreditou e menosprezou funcionários públicos como Fiona Hill e Alexander Vindman, membros do Conselho de Segurança Nacional. Também nesse caso, ele sabia que se aquelas pessoas falassem honestamente sobre seu comportamento, ninguém acreditaria nelas. Já durante os meses de campanha, ele foi capaz de contrariar vários oponentes e minorias, tornando seu tom de voz indistinguível.

Não aceitar a derrota e recorrer a lutas judiciais o colocou em uma posição de cerco, com intuito de parecer que todos estejam contra ele. Não é por acaso que grande parte de sua base eleitoral é conspiratória. Na verdade, até a teoria da conspiração é uma ferramenta de propaganda e continuar a gritar que estão conspirando contra ele é uma forma de manter visibilidade e um certo controle sobre o público em geral.

Na versão eleitoral o método seria assim: disseminam alarmes que são disparados por semanas dizendo que os correios serão responsáveis ​​por uma fraude mais que certa. Assim, se depois dos votos não obtiverem o resultado esperado, essa é a prova da fraude que tanto falaram. Já durante o escrutínio afirmava-se que o voto por correspondência é fraudulento, falam em "centenas de casos", mas sem mencionar sequer um.

Se obstina em não reconhecer o vencedor. Até se anuncia uma recompensa de US $ 1 milhão para aqueles que fornecerem evidências de fraude, mas ninguém se apresenta, enquanto observadores da OCDE atestam a transparência da votação e líderes europeus parabenizam Biden.

Para o Super-Homem que tem como missão erguer a bandeira Make America Great Again, é dura para digerir. É mais um questão de identidade do que questão politica.

Uma estratégia de distração

Existem duas realidades, agora, nos Estados Unidos, dois universos paralelos, estilo Dark: aquele "real", que vê a vitória do candidato democrata e o "paralelo", no qual Trump venceu. De acordo com uma pesquisa, 40% dos eleitores republicanos acreditam que o último seja verdadeiro. Trump não é um tolo isolado na Casa Branca, mas representa milhões de pessoas que acreditam e vivem nesse “mundo paralelo” que é, em última análise, uma fuga da realidade.

É uma estratégia de distração para desvirtuar a necessidade de aceitar que perdeu. E, como ele mesmo declarou, ele não sabe perder! Dessa forma, se sente na razão para desviar o confronto de peito. Até porque, recusando o confronto ou mesmo o embate com o adversário para refugiar-se numa realidade construída ad hoc, de acordo com sua vontade, por definição, pensa de se tornar inatacável.

Trump é assim. No mundo de Trump não se perde. Se é vítima de conspirações; as coisas não são complexas, são sempre manipuladas; méritos ou estudos não contam, a intuição, o poder, são suficientes e ainda sobram.

A frustração que se tem de uma derrota, do ponto de vista psicológico, deveria ser uma emoção útil pois nos ensina a refletir sobre o que fizemos de errado, nos levando a agir melhor na próxima vez. Mas tolerar a frustração e aprender com ela não faz parte do background de Trump. Aceitar a realidade significaria admitir para si mesmo que você fez algo errado. Melhor criar o seu universo paralelo e nele se refugiar.

Porém, quando não conseguimos administrar a frustração de uma derrota, entramos em uma dinâmica de não aceitação, quase de descrença ou desrealização, nos enchemos de dúvidas que beiram a paranóia e, para não aceitar a realidade, buscamos respostas responsivas que de alguma forma pareçam ser mais gerenciável por nossa mente. É mais fácil e menos frustrante pensar que existe uma conspiração mundial, onde somos vítimas de um mundo que gostaria de nos ver todos infelizes, mestiços e escravos de um grande titereiro, do que simplesmente aceitar que o homem é vulnerável por natureza e sempre foi.

O mundo de Trump é hediondo porque não tem esperança, mas é ainda mais hediondo constatar que milhões de pessoas pensam como ele, e não apenas nos Estados Unidos.

"É a construção de uma realidade alternativa confusa, mas envolvente, na qual (se pensa que) as eleições foram roubadas de Trump e os republicanos sem coragem e desmiolados, estão deixando os ladrões escaparem." É o que afirma no Vox, o jornalista, comentarista político Ezra Klein.

Napoleon Hill dizia que “a derrota temporária traz em si a semente de algum benefício igual ou maior daquilo que temporariamente perdemos.” Que Trump tome como uma lição.

Cada pessoa é totalmente responsável pelo seu próprio universo! - Cap.X


Fonte: https://www.wired.it/attualita

https://www.huffingtonpost.it/