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venerdì 13 ottobre 2023

Repensando a velhice: uma verdadeira evolução social

 


Quando se fala em envelhecimento, se pensa logo nos gastos em geral das nações (com os cuidados para idosos), e redução da sua capacidade produtiva (pela suposta menor disposição para o trabalho). Por isso tantos se referem ao fenômeno como uma “bomba-relógio demográfica”.

Joseph Coughlin no seu livro, demonstra que a noção de velhice que temos – mesmo a velhice dourada, devotada ao lazer – rouba das pessoas a partir de certa idade uma parcela de seu propósito, de seu bem-estar emocional. E camufla a maior oportunidade de negócios que as empresas têm para explorar.

Segundo a consultoria Boston Consulting Group, em 2030 as pessoas acima de 55 anos serão responsáveis por 50% do crescimento dos gastos de consumidores desde 2008 nos Estados Unidos. No Japão, serão 67%; na Alemanha, 86%. Basta olhar os estacionamentos dos shopping-centers. Até alguns anos atrás, havia quatro ou cinco vagas para idosos perto dos elevadores. Hoje, na maioria dos shoppings, há dezenas delas.

Vittorino Andreoli, de 83 anos, através de seu livro “Carta a um velho (por um velho)” indicado a quem deseja refletir sobre a própria condição com um olhar diferente.

A palavra velho é mais atribuída aos idosos e tem assumido uma conotação negativa, quase ácida, quando dirigida a uma pessoa. Todas as palavras que querem substituir este termo são máscaras, como se a velhice fosse algo negativo e até perturbador. Então, dizemos senil, idoso, longevo, terceira ou quarta idade, e agora existe também o novo termo fullgevity (do livro de Alessia Canfarini, Fullgevity. A Plenitude é a nova longevidade). Isto significa que ainda existe uma cultura que rejeita a velhice e este é um fato de enorme gravidade, porque pesa sobre os idosos, que se sentem sem sentido, como se fossem um fardo social e os idosos, muitas vezes, se encontram numa situação quase de vergonha, já que não dá nem para dizer que é velho, mesmo que seja um termo que existe em todas as línguas.

A sociedade sempre aponta o idoso como um “não modelo”, ou mesmo uma “geração que errou”... e o significado existencial da velhice é completamente ignorado.

Isso acontece porque esta sociedade desatenta não percebeu que a velhice mudou completamente. “Eu chamo isso de “a nova idade”: é a primeira vez na história da humanidade que existe um número tão grande de idosos que representa uma grande comunidade. 20% da população atual é idosa e em 2050 será de 40%, mesmo porque a taxa de natalidade diminuirá continuamente. A medicina vem avançando muito há pelo menos trinta anos, o que permitiu prolongar a expectativa de vida. Os velhos representam o resultado de uma verdadeira evolução social. Um resultado que, uma vez alcançado, leva a dizer que são um fardo, que limitam os recursos da segurança social para os jovens e assim por diante. Por isso é necessário superar essa atitude de incivilidade que não só quer deixar o velho sozinho, mas quer mesmo abandoná-lo”.

A velhice poderia ser identificada com o fim da atividade laboral, abrindo um mundo a novos estilos de vida e novas necessidades centradas na liberdade alcançada e não tentando identificá-la com a decadência física...

“Não é de tudo correto vincular a velhice à doença. O fato é que xiste a idade existencial. Assim, existe a idade existencial do adulto, da criança e do adolescente. Nestas idades existem doenças, mas não é verdade que os idosos estejam mais doentes do que os outros. Não conhecemos muitas das doenças dos idosos, porque a velhice na história recente foi a idade do Matusalém, das pessoas excepcionais, o caso extremo que não deve ser enfrentado. No Japão, os centenários eram recebidos pelo próprio imperador, era uma homenagem, um presente. Hoje isso já não acontece, porque os centenários tornaram-se demasiado numerosos. Devemos distinguir a condição existencial das patologias. Até a Segunda Guerra Mundial, a idade em que mais morriam era a infância, por doenças infecciosas, porque não existiam antibióticos. É claro que também existem doenças da velhice, mas sabemos muito pouco sobre elas.

Temos muitas dúvidas sobre o Alzheimer, enquanto as doenças comportamentais dos idosos são muito menores que a psicopatologia dos adolescentes. Precisamos reconhecer as habilidades que existem nesta idade. E isso nunca houve antes. Há algumas semanas, em Milão, foi apresentado Odi et amo: ambiguidades perceptivas e pensamento quântico, livro escrito por um físico de 91 anos, Giuseppe Caglioti, que tem prefácio de outro físico galardoado este ano com o Prémio Fermi, Giorgio Benedek, de 87 anos, e o posfácio meu, que tenho 83. Um livro com mais de 250 anos! Até há três ou quatro anos, afirmava-se que as células cerebrais dos idosos não se alteravam, ao contrário de todas as outras idades. O que significava que havia degeneração, ou seja, o cérebro perdia células sem recriá-las. No entanto, foi demonstrado cientificamente, primeiro na Suécia e depois em muitos outros lugares, que os neurónios se multiplicam e, portanto, restauram-se, mesmo em pessoas idosas. Estamos descobrindo uma nova idade, diferente das outras pelas capacidades de poder expressar e pela visão do mundo.

No entanto, a leitura da velhice continua em grande parte a seguir o antigo padrão, de quando os idosos não existiam. Até a Segunda Guerra Mundial, a idade média na Itália era de 47 anos para os homens e 50 anos para as mulheres. Hoje, as mulheres de 50 anos aparecem nas revistas femininas porque têm um corpo atraente, são saudáveis, até a menopausa é considerada uma condição “vantajosa” porque permite uma vida diferente”.

Não se pode negar, porém, que com o avanço da idade, os sonhos, desejos e possibilidades diminuem de dimensão e valor. Existe uma maneira de tentar resistir a esta redução progressiva dos horizontes, até mesmo da esperança?

“Não, não, nós temos tantos desejos. Eles apenas mudam. São emocionais, ligados à vida dos netos, ao bem para com as pessoas que amamos, ao poder ser útil. Nós, idosos, não acreditamos no Eu. Os jovens falam sempre Eu, Eu, Eu…; nós, idosos, falamos sempre Nós. Não suportamos mais esta visão individualista, egoísta e narcisista. O desejo também está ligado ao futuro: quem tem idades diferentes tem desejos diferentes porque tem um futuro mais ou menos distante. E há também um desejo de imaginar, de esperar. Nós esperamos, mas esperar não é passividade, é imaginação, é desejo. É necessário que a sociedade - o que significa as outras fases da vida - consiga perceber que estamos numa condição social que será também a deles (porque espero que todos cheguem à velhice), e descubram que existe um espaço para viver de uma maneira absolutamente diferente. Por exemplo, podemos estar com as crianças e contar as nossas histórias, descrever a nossa experiência não como a de pequenos heróis, mas como uma vida vivida. Porque a história é essa, não o que essas crianças e jovens veem, sempre agarrados ao computador e smartphone, imersos na virtualidade. Deixe-os que descubram que somos seres humanos e que vivemos e não somos histórias que saem de máquinas. Que a velhice é um capítulo extraordinário na vida de um homem e de uma mulher e que temos muitas coisas para fazer e garanto que as faremos. Como velho, percebi a beleza de SER, independentemente de saltar e correr. Continuo descobrindo que a existência é de uma riqueza inimaginável.

Dirijo-me não só aos idosos, mas a todos os outros para dizer: “tomem consciência de que a nossa idade hoje tem possibilidades, capacidades infinitas de fazer sentido”. Não competimos a nível de produção, mas temos mais tempo, o que significa saber esperar, ter paciência. Temos uma visão diferente, não queremos brigas, guerras. É uma idade que nos permitiria agregar valores sociais aos do dinheiro, que hoje é a verdadeira referência. Somos uma riqueza, talvez não económica, mas somos pelo sentido da existência. Imaginem de haver um pouco mais de sabedoria nesse momento, mesmo que não queiramos ser sábios. Falávamos de um homem sábio quando existia um, o grande velho ou o herói. Cometemos nossos erros, temos nossos limites, mas de forma alguma estamos aqui com os olhos abertos para esperar a morte.

Precisamente a morte, um pouco como o convidado de pedra no pensamento de todos os idosos...

Eu odeio a morte. Gostaria de ter sempre um minuto para acrescentar, porque gostaria de fazer algo de útil. Talvez passar um pouco mais com pessoas às quais nunca dediquei tanto tempo antes. Nesta idade em que estamos próximos da morte, descobrimos que ela faz parte da existência. Não é contra a existência, precisamente porque é um acontecimento de todas as existências. Aquele que está mais próximo de nós, que, justamente por termos consciência de que a vida vai continuar a prolongar-se mas que é finita, temos mais vontade de viver e de mudar a imagem que nos faz considerá-la um fardo. Existem doenças, mas quanto mais soubermos sobre elas, menos sofreremos com elas. Um pouco como uma úlcera. Você se lembra quantas úlceras havia? Fizemos uma cirurgia, depois descobrimos que era uma infecção e que alguns medicamentos bastavam para resolvê-la. Temos habilidades que não devem ser subestimadas mesmo que tenhamos menos força. Para nós, o amor não está apenas relacionado aos órgãos, é à pessoa inteira. O nosso é o último capítulo de um livro: você tem que chegar no profundo, e normalmente, se for uma boa história, o último capítulo é o melhor.

A solidão típica da velhice deve tornar-se uma oportunidade para refletir sobre si mesmo, sobre o próprio passado, para adquirir uma nova consciência de si mesmo e do mundo que nos rodeia, que está em constante mudança, porque a própria vida é um devir do qual não podemos nos sentir excluídos. A solidão só pode tornar-se um enriquecimento se não se tornar uma prisão onde nos confinamos em busca de conforto e tranquilidade. Assim a passagem dos anos já não jovens pode ter o ritmo e a cadência de um passeio nos bosques, nas planícies, nas montanhas, nas colinas, vagando em busca da mudança de cor das folhas em tons cheios de sol. E no tempo dessa peregrinação, o pensamento e o sentimento do outono da vida ganham forma e substância, não como fonte de tristeza pela despedida iminente, mas como o reaparecimento do desejo de continuar vivendo de uma forma diferente, inspirado por seus flashes.

A célula envelhece porque não recebe informação do nosso consciente! - Cap. VI

A Vida é Movimento e contínua transformação – Cap. 14


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